Maria Padilha da Figueira: Quem é, História, Características, Pontos Cantados e Oferendas

Maria Padilha da Figueira: Quem é, História, Características, Pontos Cantados e Oferendas 1

Maria Padilha da Figueira é uma Pomba Gira da Figueira e é uma das mais famosas e antigas entidades da linha do Povo de Rua, Linha de Santo Antônio ou Linha de Exu.

Ela é uma das principais pombas giras que são sacerdotisas, feiticeiras e curandeiras. Não são consideradas guardiães de falanges, mas são presença constante em terreiros, mesmo sem incorporação.

São o triunfo da luz sobre as trevas. São guardiães queridas e compreensivas, recebem oferendas em baixo de árvores, se possível figueiras, de preferência nas sextas-feiras, dia tradicionalmente consagrado às Deusas e aos feitiços amorosos.

Essas oferendas incluem o figo, vinhos, maçãs, pêras, pêssegos, tamarindos, romãs, incenso, velas de diversas cores, dependendo do pedido ou trabalho realizado, rosas vermelhas, orquídeas, lírios, jasmim, ervas e especiarias, mel e perfumes.

Suas oferendas não incluem o padê de pomba gira. Não recebem oferendas em encruzilhadas. Podem usar as cores verde, dourada, vermelha, negra, branca e roxa.

Nas giras, trabalha de forma leve e receptiva, porém didática e exigente com médiuns e aqueles que buscam sua ajuda.

Costumam trabalhar com pó de magia, óleos, filtros e poções. Ervas, sal terra, água e outros elementos. Seus pedidos atendem amor, saúde e prosperidade.

Por que Figueira?

A nomenclatura FIGUEIRA veio pela convicção das mulheres em seus conceitos religiosos envolvendo curandeirismo e magística, que culminava em ser queimadas vivas, e a base desta fogueira eram galhos de figueira.

Isso devido à parábola bíblica em que Jesus condena a figueira que não deu frutos, tornando esta árvore literalmente amaldiçoada, e destinada ao enforcamento e queima dos hereges.

Há também a antiga lenda de que Figueira não dá frutos, ou que Figueira, palavra usada como ofensa para mulheres que não têm filhos, seria um título para estas mulheres que na última encarnação não puderam ter filhos.

História e Características de Maria Padilha da Figueira

A pomba gira Maria Padilha da Figueira é uma guardiã na umbanda e outras religiões afro brasileiras. Maria Padilha da Figueira é bonita e tem uma história única.

Ela é associada à parábola bíblica em que Jesus condena a figueira que não deu frutos, porém é muito saudada como uma pomba gira rainha.

Dizem ser mulher de Tiriri. Muito séria, não gosta de muitas falas. Gosta mesmo é de chegar, sentir o ambiente, dar o recado e ir embora.

Com o humor alternado, tanto pode estar bem, como pode se irritar, e é certeira nas coisas que fala e promete.

É muito franca no que fala e faz. Gosta de champagne, anis e melado, preferindo as bebidas mais fortes e doces (não podemos esquecer que exu bebe qualquer coisa).

Não dá muita importância às jóias, mas gosta de usar brincos e, principalmente, anéis, se assim ela pedir. Fuma cigarros e gosta de rosas e incensos de rosas vermelhas.

Suas cores são o preto, o vermelho e roxo, sendo que o preto predomina. Não liga muito para as vestes, mas não dispensa uma saia, pois ela gosta de segurar sua saia e movimenta-la.

Em uma de suas passagens, foi uma bruxa muito forte nos tempos da Inquisição. Não é de muitos amigos, porém é muito fiel e, se você pedir com fé, ela atende.

Não é de se mostrar muito em jogos de búzios. Aparentemente, é uma mulher de meia-idade, tem cabelos negros e compridos, e adora dançar o tempo todo.

Conversa pouco, porém ajuda a muitos e sempre tem uma palavra amiga para todos os que a procuram. Não é muito de amarrações ou união, gosta mesmo é de resolver o problema, chegando até ser mais hostil em determinadas atitudes.

Se trata de uma mulher educada, fala baixo e gosta de explicar as coisas como são. É muito carinhosa com as pessoas mais próximas a ela.

Abaixo, você pode conferir uma de suas histórias:

As lágrimas desceram lentamente pelo rosto de Giulia no momento em que fechou a porta e olhou para a cama velha com lençóis amarelados.

Ali, naquela pocilga, passaria a viver de agora em diante. Antigas lembranças passaram diante de seus olhos.

Resquícios de um tempo em que imaginara ser feliz. O casamento com Aprígio parecia ter sido há tanto tempo, e na realidade apenas cinco anos se passaram.

O amor enorme que crescia a cada dia nos tempos de noivado foi aos poucos se transformando em um apagado sentimento sem definição.

Amizade? Não, nem isso, apenas desamor, acompanhado de uma cruel sensação de mágoa. Dias e noites passados em solidão conseguiram destruir o castelo de sonhos.

Quando conheceu Hugo, amigo de seu marido, o mundo pareceu criar novas cores. Ele sim lhe dava atenção e carinho.

Um mês inteiro de amor sem medida, paixão tórrida que arrebatava seu corpo e mente em total loucura descuidada.

Aprígio um dia voltara, sem aviso, e os pegara em sua cama. Alucinado pelo ódio, desferiu três tiros sobre o amigo, matando-o instantaneamente.

Ela, nua, correu. A lembrança das janelas se abrindo com pessoas apontando sua nudez entre comentários maldosos ainda envergonha.

Alguém (quem seria?), jogou um velho vestido sobre ela que pode enfim cobrir-se, mesmo enquanto corria.

Conseguira alguns trocados com uma prima que, no entanto, não a queria por perto e foi com esse dinheiro que alugou esse quarto miserável em que agora se encontra.

Não há um amigo, um parente ou mesmo conhecido que a aceite e lhe estenda a mão. Sua vida acabou por completo.

Na pequena cidade não há quem não a aponte com maldade (um pouco de nojo também). Ninguém entende o que se passou e ninguém quer escutá-la.

Mas se nem ela mesma consegue entender e se perdoar, como esperar isso dos outros? Perdida em meio a esses pensamentos, relanceia o olhar pelo aposento e nota, a um canto, um lençol rasgado.

É isso! Pega o pano e percebe que o rasgo, se aumentado, será uma grande tira. Lentamente passa a rasgar e amarrar as tiras.

A janela é alta e nela prende a ponta do tecido, a outra ponta é enrolada no pescoço. Arrasta o pequeno criado-mudo e sobe.

Com um pequeno pontapé no móvel, lança-se à morte. Seu espírito totalmente atordoado perambulou por negros caminhos de escuridão profunda.

Anos se passaram até que Giulia conseguisse perceber os erros que cometera. Hoje, passadas algumas décadas, ela atende em nossos terreiros com o nome de Pomba-Gira Figueira.

Tornou-se mais uma trabalhadora dessa grande falange que, apesar de ser pouco conhecida, sempre é lembrada em nossas trunqueiras.

Quem são as Pombas Giras da Figueira?

As Pombas Giras que atuam como Pombas Giras da Figueira, como Maria Padilha da Figueira, são espíritos femininos que viveram encarnações como sacerdotisas ou seguidoras dos antigos cultos pagãos em que se cultuava a Deusa ou a Grande Mãe.

Naturalmente, muitos desses espíritos se converteram à nova fé professada e institucionalizada como única e verdadeira em que a figura Divina fora substituída pela figura masculina.

Entretanto, muitas vezes, isso aconteceu por causa do derrame de sangue nas mais terríveis torturas. E as mulheres, convictas em suas crenças, eram fortes o suficiente para bancarem o custo da sua fé, pois eram mandadas à fogueira, estas com madeira da árvore Mãe dos figos, a Figueira, devido à parábola bíblica em que Jesus condena a figueira que não deu frutos.

Numa interpretação simplista, o povo ligou a algo amaldiçoado por si só. Os espíritos que trabalham como pomba gira atuando na vibração da figueira, como Maria Padilha da Figueira, têm em comum as experiências como as sacerdotisas, feiticeiras e curandeiras.

Sempre os conflitos religiosos estavam presentes e os usavam para ajudar aqueles que as procuravam. Elas são mestres nas artes magísticas e têm ocupado papel crescente através de ritos, práticas e ensinamentos.

Seus pedidos atendem amor, saúde e prosperidade em todos os sentidos da vida.

Pontos Cantados de Maria Padilha da Figueira

“Foi numa estrada velha, na subida de um serra, numa noite de luar, de luar, Pomba Gira da Figueira, moça bela e faceira dá o seu gargalhar, porque ela é mojubá, ela é mojubá, ela é mojubá…”

Não só Maria Padilha da Figueira como todas as pombas giras da figueira possuem muitos pontos cantados.

Á seguir, você poderá escutar os mais bonitos.

Ponto Cantado 01:

Este ponto cantado de Maria Padilha da Figueira, chamado A Figueira Apareceu, é cantado pelo Ogan Tião Casemiro e foi postado pelo Ogan Leandro.

Letra do Ponto Cantado:

Tremeu, tremeu, a catacumba tremeu
Tremeu, tremeu, quando a figueira apareceu (2x)

Ela é encanto, ela tem magia
Ela é figueira, também é Padilha
Uma rosa á dada
Ela é Maria
Também veste roxo

Ponto Cantado 02:

Este ponto cantado é Maria Padilha das 7 Figueiras e se chama No Alto da Figueira. No vídeo abaixo, é interpretado por Felipe de Oxalá.

Letra do Ponto Cantado:

Um vento frio soprou nas matas
E a gargalhada ecoou na escuridão
No alto da figueira estava ela
Com uma serpente na mão (bis)
As almas vinham de todo lugar
E giravam pela mata inteira
Invocadas por aquela moça
A senhora dona da figueira (bis)
Gira no mato, gira na calunga
Que bela moça, que olhar sombrio (bis)
Sete figueiras, seu sorriso me encanta
Sua gargalhada me dá arrepios (bis)

Ponto Cantado 03:

Esse ponto cantado foi postado por Ogã William De Xangô. É ponto cantado de festa e pra chegada de Maria Figueira.

Letra do Ponto Cantado:

Olha que noite, olha que beleza

Essa noite tão bonita que é de Maria Figueira

A calunga está em festa

Ela chega pra girar

Com seu manto volumoso e pra todos ajudar

Vem chegando Marabô

Ele não é brincadeira

Vem saudar a noite linda que é de Maria Figueira

Me aparece Zé Pilintra com vontade de beber

Praticando a caridade, com humildade e com amor

Nessa noite tão formosa que Pai Zambi abençoou

Ponto Cantado 04:

Esse ponto cantado, chamado Vem Feiticeira, é de autoria de Regentes do Tambor. O ponto faz alusão às oferendas entregues na mata à Maria Padilha da Figueira.

Letra do Ponto Cantado:

A galinha preta que eu larguei na mata
A oferenda que pra lá deixei
Sete champanhas e uma rosa negra
Eu sei que minha demanda ela vai vencer
Mas de repente tudo iluminou
Mas de repente tudo se apagou
A gargalhada foi tremer as folhas
A feiticeira das matas chegou
Vem feiticeira!
Vem feiticeira a pomba gira
Que é mulher de Lúcifer (bis)
Todo mundo corre
Todo mundo quer saber
Ela é Dona Figueira
Não conhece quem não quer (bis)
Pomba Gira que é rainha
Nas matas de Satanás
Não mexa com ela
Porque se pode queimar
Feiticeira! (bis)

Ponto Cantado 05:

Esse ponto cantado é de três Marias Padilhas: da Figueira, do Cemitério e a Rainha.

Letra do Ponto Cantado:

Foi Iansã quem lhe deu forças
Para ser rainha de Exu mulher
Saravá Figueira Rainha do Cabaré
Não importe que falem de ti, ela é Pomba Gira e trabalha assim (2x)
Saravá Figueira Rainha do Cabaré (2x)

Se a sua catacumba tem mistério… Mas ela é Pomba Gira do Cemitério (2x)
Mas ela é loira do olho azul, mas ela é a filha de seu Omolú (2x)

Padilha, foi você quem falou, você falou que gostava de mim (2x)
Padilha, quando você for embora, quando você for embora, deixe uma rosa pra mim (2x)

Ponto Cantado 06:

Esse ponto cantado de Maria Padilha da Figueira se chama Ela é Um Furacão e os créditos devem ser dados à Genivan D’Oxum Pandá.

Letra do Ponto Cantado:

Vem descendo a serra, levantando a poeira
Ela é um furacão
Não mexa com a Figueira

Ponto Cantado 07:

Esse ponto cantado se chama Louvação a Dona Figueira e é de José Carlos de Oxóssi.

Letra do Ponto Cantado:

Sua gargalhada ecoa na madrugada

A Dona Figueira não é cinza, ela é brasa

Com sol ou lua

Louvamos com fé

A Dona Figueira

Tá pro que der e vier

Tá pro que der e vier

Tá pro que der e vier

Não mexa com a Figueira

Brincadeira ela não é

Transforma espinho em rosa

Se fores merecedor

Na barra da sua saia

Ninguém nunca encostou

Labareda de fogo queima

É o aviso que ela dá

Quem quer caminhos floridos

Com ela não vai brincar

Tá pro que der e vier

Tá pro que der e vier

Não mexa com a Figueira

Brincadeira ela não é

Ponto Cantado 08:

Esse ponto cantado de Maria Figueira se chama Hoje a Festa é Sua! e realmente é um ponto de festa pra chegada de Maria Figueira.

Letra do Ponto Cantado:

Hoje é dia de festa
Festa de Exu
Pomba Gira Laroyê
Vamos chamar a guardiã desse terreiro
Vem Maria Figueira
Vem nos vales
É minha protetora
É mulher e é guerreira
De belezas sem igual
Ela é Maria Figueira
Bruxa poderosa
Ela é dona desse chão
Vem girar minha rainha
Nos dê sua proteção
Hoje a festa é sua
Tome essa linda canção
Abençoe esta casa
A corrente e os irmãos

Oferenda Para Maria Padilha da Figueira #1

Oferenda Para Maria Padilha da Figueira #2

Materiais Necessários:

  • Bife
  • 3 rosas vermelhas
  • Alguidar nº2
  • ½ metro de murim vermelho
  • Vela bicolor vermelha e preta
  • Champanhe
  • Cigarro
  • Azeite de dendê
  • Farinha de mandioca
  • 1 cebola fatiada

Como Fazer:

No alguidar, misture um pouco de farinha de mandioca com azeite de dendê (caso a mesma esteja enquizilada, poderá substituir por padê de melado e, neste caso, não levará o bife e poderá colocar frutas que “não” sejam ácidas).

Em uma frigideira, coloque um pouco de dendê e coloque o bife quando estiver quente, mas não deixe fritar, vire de um lado para outro, só para pegar uma cor.

Pegue a metade da cebola fatiada e coloque na frigideira, porém não deixe dourar. Coloque o bife no alguidar e as fatias da cebola em cima.

Leve para os pés de uma árvore, arrume o murim no chão e coloque o alguidar em cima. Coloque duas rosas na oferenda e uma no champanhe.

Acenda a vela e os cigarros e peça com fé tudo o que deseja, pois ela irá lhe ajudar.

Quem é Maria Padilha da Figueira na Umbanda?

Maria Padilha da Figueira é rara nos terreiros de umbanda, mas muito poderosa e conhecedora de feitiços e magias, como poucos são.

Se apresenta como uma bela mulher mais velha e sábia, que adora a natureza e o poder das energias dos elementos da natureza, e é também grande conhecedora das ervas e suas propriedades, para o bem e para mal.

Esses conhecimentos possibilitam, assim, que ela consiga atuar e ajudar junto a quase todo tipo de problema que os consulentes trazem a ela, desde saúde ou vícios, até problemas amorosos ou financeiros.

Maria Padilha Figueira do Inferno

Maria Padilha Figueira do Inferno é uma pomba gira rara nos terreiros, mas muitos procuram saber quem ela é e como ela atua.

Ela é cultuada através de imagens e esculturas e é uma pomba gira séria, não gosta de brincadeiras. Muitas vezes, dá o seu recado e vai embora.

Maria Padilha Figueira do Inferno é muito consultada por pessoas que procuram uma solução para os seus problemas.

Ela é muito amável, só não pode pisar em seu calo. É muito sincera, gosta de fidelidade, é carinhosa com seus consulentes e trabalha com outros exus da figueira.

Livro Recomendado:

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