Pragas e Maldições Segundo São Cipriano, o Legítimo Capa Preta

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A palavra “maldição” tem sua força baseada no significado magico do número seis e seu emprego remonta à China antiga e ao seu Livro das Mutações, ou I Ching, como é mais conhecido entre os ocultistas modernos.

Ao criar o sistema I Ching de adivinhação, o Imperador Chinês Fu Hsi usou o número seis para criar os sessenta e quatro hexaedros mágicos, que são usados tanto para prever o futuro quanto para lançar maldições.

Um famoso ocultista disse que esses hexaedros, famosos pela força de suas maldições, são muito perigosos e jamais deveriam ser usados por um principiante.

Uma vez lançada uma maldição usando esse método, não há nenhuma forma de controlá-la; criando vida própria, independente da vontade da feiticeira que a lançou, a maldição se desenvolve e cria sua própria e incontrolável força para fazer o mal.

Nas sociedades e grupos culturais nos quais as pessoas acreditam realmente que as maldições são eficazes para causar o mal a outras pessoas, especialmente inimigos, uma maldição lançada por um feiticeiro é quase sempre mortal, fazendo efeito tão logo aquele contra quem a maldição foi lançada toma conhecimento de sua existência.

Quase todos os feiticeiros de hoje em dia, proclamam que as maldições por eles lançadas não se destinam a matar ninguém, mas apenas “dar um aviso” e, se tudo correr bem, isto fará com que a “vítima” procure consertar seus erros, quando, então, a maldição poderá ser desfeita.

Alguns dos métodos empregados pelos feiticeiros para “causar mal” à um inimigo são bastante simples, enquanto que outros requerem muito tempo e complicadas cerimônias para que tudo saia de acordo com o planejado.

Um dos métodos mais simples é aquele em que um dedo é apontado para a “vítima”, enquanto que a maldição é dita em voz alta, para ser ouvida.

Também muito empregado é o método do feiticeiro hipnotizar a “vítima” enquanto diz a maldição. O “Olho Mau” é uma crença antiga de que algumas pessoas têm o poder de ferir ou até mesmo matar outras pessoas simplesmente olhando para elas.

A crença de que certos animais têm o poder de fascinar e de lançar maldições, produzindo um efeito destruidor em tudo sobre o que lançam os olhos, remonta há milhares de anos.

Teme-se tanto esse fato que tudo de mal que acontece à uma pessoa é atribuído ao olhar de alguém ou de um animal tinhoso que pode ter os poderes do Olho Mau.

Nas civilizações primitivas, diz-se existir dois tipos de Olho Mau: o voluntário — o olhar inspirado na malícia — e o involuntário —, esse último tido como um poder sobre o qual não é possível exercer qualquer tipo de controle.

Dessa terrível forma de magia, parece ter surgido a crença que tinham os povos primitivos de que os olhares dos diversos deuses, bons e maus, por eles cultuados eram capazes de trazer o bem ou o mal a todas as pessoas que os desagradassem.

Atrás dessa ideia, que o olhar dos deuses podia destruir a vida e as propriedades dos humanos, desenvolveu-se uma teoria segundo a qual também o olhar do homem é capaz de lançar um raio fatal sobre a pessoa em direção do qual fosse ele dirigido.

Embora o “olhar” do demônio seja capaz de causar desgraças de todo o tipo sobre a cabeça das vítimas, os órgãos sexuais são considerados como sendo extremamente vulneráveis a esse tipo de maldição.

Olhares de ciúme de uma rival da mulher amada são capazes de tornar impotentes os melhores amantes e tornar estéreis as mais férteis das mulheres.

Além disso, uma outra crença curiosa é de que se o Olho Mau da Lua é dirigido para uma mulher grávida esta dará, certamente, luz a um monstro.

Embora pareça estranho, a cor do olho é de particular importância quando se quer saber se um indivíduo possui ou não esse horroroso poder.

Uma outra crença muito temida é que esse terrível poder de lançar pragas está, muitas vezes, associado com pessoas aleijadas, como anões e corcundas.

Também, qualquer pessoa que tiver um defeito congênito na visão que a fizesse piscar ou arregalar os olhos é especialmente temida, como também o é as pessoas extremamente feias, e os homens e mulheres de beleza acima da média.

Entre as criaturas do reino animal, aquelas que mais frequentemente são associadas às estranhas e temidas cerimônias levadas a cabo pelas bruxas e feiticeiras e também às quais são atribuídos os poderes do Olho Mau citamos as cobras, lagartixas, coelhos, pavões, raposas e gafanhotos.

Tomando-se em consideração que a saliva, o cuspe, é considerado como sendo o melhor e talvez a única defesa contra o Olho Mau, pode-se observar pessoas cuspindo para todos os lados, procurando se defender daquilo que é capaz de provocar suas mortes.

De fato, cuspir no chão por três vezes sempre que uma pessoa se sente ameaçada é bastante mais simples do que sair atrás de hábil feiticeiro e se envolver com fórmulas complicadas e caras, tidas como capazes de proteger contra as maldições.

Cuspir no chão para “dar sorte” é muito comum entre os atletas, lutadores de boxe e de luta livre, antes do início das competições.

A primeira olhadela do Olho Mau, tida como a mais perigosa, o é especialmente se for dada numa posição oblíqua. Um amuleto na forma de uma lagartixa ou de uma corcunda é usado por muitas pessoas para desviar esses terríveis olhares ou para desmanchar seus efeitos.

Outras defesas eficazes contra o Olho-Mau é a flor de lis e um broche na forma de porco, que evita que a maldição atinja a pessoa que o use, já que os porcos são extremamente vulneráveis a essas maldições.

Na Grécia antiga, o amuleto de Medusa e o caduceu, símbolo moderno da medicina, eram amuletos de grande fama.

Os romanos preferiam amuletos no formato do órgão sexual masculino, feitos de metais preciosos, usados em correntes, e não era pouco comum encontrar crianças romanas usando chupetas de coral do formato do órgão masculino.

Outros amuletos muito usados eram contas, nozes, grãos de cereais e conchas, usados em colares em volta do pescoço.

Os dedos da mão simbolizam um ótimo amuleto contra o Olho-Mau; o dedo polegar é introduzido entre o dedo indicador e o dedo médio, sendo que este último e mais o anular e o mínimo ficam dobrados para baixo.

Ficando apenas o polegar e o mínimo voltados para cima, ficam simbolizando os “Chifres do Demônio”. O dedo polegar colocado entre o indicador e o médio simboliza a “figa”, que representa uma imprecação dirigida contra o Olho-Mau e que tem o poder de afastar seus efeitos, crença mantida até hoje.

Esses e outros gestos semelhantes feitos com as mãos, simbolizando o órgão sexual masculino como a fonte de fertilidade e poder, são usados como métodos de defesa contra o Olho-Mau.

O véu de uma noiva é um dos outros meios de defesa empregados pelas pessoas que temem o Olho Mau e, talvez, seja o método mais utilizado nos dias de hoje.

Muitas coisas podem ser apontadas para confirmar a existência do Olho Mau. A expressão “… se um olhar matasse…” usada por muitas pessoas, é prova cabal disso.

Em alguns lugares, especialmente naqueles onde se exercem profissões perigosas, o encontro com uma pessoa vesga é considerado um mau presságio, enquanto que, entre os artistas, as penas de um pavão são consideradas perigosas, pois seu desenho representa, segundo antiga lenda grega, o olhar invejoso de Juno.

(Diz a lenda que logo após a morte de Argus, que possuía cem olhos, Juno mandou arrancá-los e colocou-os na cauda de um pavão, que poderia assim, a um só tempo, tomar conta de Júpiter, marido de Juno, e de suas amantes.)

*Texto extraído do Livro São Cipriano, o Legítimo Capa Preta

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