O Símbolo de Maria Padilha

O Símbolo de Maria Padilha

Cada entidade dispõe de simbologias, modos de se apresentar e histórias de origem. Nos cultos afro brasileiros, verifica-se isso, cada entidade possui uma história de origem, símbolos e significados em suas manifestações e expressões performáticas.

No caso de Maria Padilha, seus símbolos são o pássaro, o tridente, a lua, o sol, a chave e o coração. Toda cultura é constituída por símbolos e essa prerrogativa é percebível nos cultos afro-brasileiros, embora eles mesclem elementos do catolicismo e kardecismo, enfatizam valores e símbolos próprios.

Os símbolos sagrados permitem ao homem encontrar sentido para a vida terrena, mas somente conseguem ter significado se forem aceitos e assimilados.

Maria Padilha, Rainha das Encruzilhadas em várias partes do Brasil, tem essa relação religiosa e de cultura, sendo considerada uma pomba gira que trabalha forte como uma senhora de todos os tempos e caminhos.

Maria Padilha é caracterizada por elementos do universo feminino, como uso de vestimentas, joias, pinturas, maquiagem, presentes na contemporaneidade e parte da cultura brasileira e se apresenta nos rituais umbandistas com trejeitos, posturas, indumentária, maquiagem e vestimentas relacionadas a um universo multicultural, cujo conhecimento representa um rico mosaico de investigação no âmbito da religiosidade e do imaginário social.

Maria Padilha é uma entidade feminina originada da magia europeia ibérica, conforme pesquisas de Meyer (1993), e o nome da entidade surgiu inscrito na literatura histórica hispânica no século XVIII, tendo sua história original mencionada ainda no século XIV.

Tendo sido Maria Padilha acometida de uma doença da qual veio a falecer posteriormente, recebeu o título de rainha post mortem.

Maria Padilha expressa em sua performance a vaidade das mulheres brasileiras, embora remeta a uma personagem de origem cigana.

Maria Padilha é fonte de estudo para a Etnocenologia e uma entidade feminina cultuada na umbanda na categoria de pomba gira, que manifesta uma performance ritual nos terreiros que pode ser analisada tomando em consideração os comportamentos expressivos da entidade, em torno da exibição de um corpo, uma voz, “ganhando” uma imagem espetacular para o olhar do outro, no tempo e no espaço do sagrado.

Maria Padilha, reconhecida na umbanda brasileira, apareceu no Brasil pela primeira vez na voz de uma feiticeira degredada chamada Maria Antônia, que penitenciada pelo Santo Ofício deixou Lisboa em 1713, a caminho de Angola, onde permaneceu por dois anos, reaparecendo depois em Pernambuco de onde ganhou notoriedade nacional.

Nas revelações da manifestação física transmitidas pelo corpo de Maria Padilha, ela surge caracterizada pela sua função de lidar com o sagrado e o demoníaco.

A pomba gira Maria Padilha, essa entidade carregada de energia que demanda criatividade e exercício imaginário em sua composição, com a gama de sentidos evocados em suas apresentações, expressa uma espetacularidade natural e magistral, com trejeitos, posturas, indumentária, maquiagem e cabelo.

A manifestação de Maria Padilha é uma clara evidência de que nos cultos afro-brasileiros é possível encontrar um rico campo da ação performática, pois a entidade evoca uma espetacularidade natural e magistral, com trejeitos, posturas, vestimentas, permitindo aos espectadores ou participantes do ritual no qual se apresenta, a possibilidade de viajarem em sua história por meio de seus encantos, com estéticas próprias.

Assim, a visão que se tem de Maria Padilha é na forma de uma linda mulher de estatura mediano-alta, magra, de cabelos e olhos negros, cabelos longos e lisos, com roupas muito curtas e sensuais.

Maria Padilha gosta, normalmente, de cigarros, champanhe, rosas vermelhas, perfumes, anéis e gargantilhas, batons, pentes, espelhos e farofas feitas com azeite de dendê, e de vestir vermelho, dourado e preto.

Ela teve um caso de amor muito forte com D. Pedro I, indo além do esperado por muitos que acompanhavam o Reinado naquela época.

Com Maria Padilha, inimigo nenhum fica no caminho, pois tem um jeito sútil e meigo de falar, mas uma força gigantesca para defender os seus.

Maria Padilha, no candomblé jeje (fon) é chamada Legba ou Elegbara. No batuque é mais conhecida pelo nome de Bará.

Maria Padilha era invocada para encontrar pessoas e recuperar bens perdidos, descobrir tesouros e denunciar ladrões, realizar curas e conquistar amantes, destruir inimigos e fazer casamentos.

Assim como já era em Portugal, a poderosa Maria Padilha logo se tornou um dos nomes mais chamados nas rezas e feitiçarias brasileiras.

Maria Padilha, morreu alguns meses após a morte de Branca de Bourbon, em Medina Sidonia, durante a pandemia da peste bubônica de 1361 e seus restos mortais foram sepultados em Astudillo, onde ela havia fundado um convento.

Ela também tem como símbolo a rosa vermelha, o gato preto, o número 7, o punhal, o búzio, o pentagrama, a cruz e o crânio.

Maria Padilha também é vista como uma mulher elegante e de classe alta, uma das pombas giras mais populares da umbanda, cuja biografia está incorporada à história da Espanha, havendo de se reconhecer que a história de María de Padilla possui elementos suficientes para alimentar o imaginário e sustentar as lendas que envolvem a pomba gira Maria Padilha.

Maria Padilha é conhecida como uma pomba gira que ajuda sempre que alguém precisa e a invoca e que dá rumo à vida das pessoas que a procuram.

Maria Padilha tornou-se não só uma entidade, mas sinônimo de uma linha de pombas giras distintas que compartilham características comuns, como Maria Padilha das Almas, Maria Padilha da Encruzilhada, Maria Padilha Rainha etc.

Maria Padilha já era invocada no Brasil por feiticeiras exiladas de Portugal durante a colonização, mas um reforço dessa presença ocorreu nos fins do século XIX com a publicação, em Portugal, e exportação para o Brasil, do “Livro de São Cipriano”, da Livraria Econômica.

João do Rio, no começo do século XX, reportou sobre a presença e influencia desse livro e nele se encontram cinco feitiços onde aparece o nome de Maria Padilha.

Isso foi o começo para que Maria Padilha, também conhecida por dama da madrugada, rainha da encruzilhada, senhora da magia, no Brasil, fosse reconhecida como uma falange/ou agrupamento de pomba-gira/ou inzilas pertencente ao sincretismo das religiões afro-brasileiras umbanda e quimbanda.

Principais Sub-falanges de Maria Padilha:

  • Maria Padilha do Cruzeiro das Almas – Linha de Omolu-Obaluaê/Iansã
  • Maria Padilha da Encruzilhada – Linha de Ogum
  • Maria Padilha do Cemitério – Linha de Omolu-Obaluaê
  • Maria Padilha da Calunga – Linha de Oxum/Iemanjá
  • Maria Padilha das Sete Catacumbas / Sete Tumbas – Linha de Omolu-Obaluaê
  • Maria Padilha da Navalha – Linha de Oxum
  • Maria Padilha das Sete Saias – Linha de Oxum

Observação: dependendo da linhagem e de outras características, Maria Padilha escolhe seu parceiro para realizar determinados trabalhos juntos.

Maria Padilha causa muita repercussão e até mesmo alguns episódios de intolerância religiosa, afinal ela é o símbolo da sedução, do feitiço e do amor e a pomba gira mais procurada nos terreiros, uma importante figura das religiões de origem africana, representada pela imagem de uma feiticeira, capaz de trazer um amor de volta e cuja história permeia envolta de um casamento conquistado à base de feitiço e que gerou grande repercussão por se tratar de um casamento clandestino.

Nos terreiros espalhados por todo o mundo, Maria Padilha é procurada para realizar feitiços, dar orientação e conselhos sobre amor em troca de presentes bonitos e sedutores, como cidra e rosas vermelhas.

Maria Padilha não é um Orixá, ela não tem filhos, mas trata seus médiuns como se fossem seus filhos, sendo capaz de fazer muitas coisas na vida de uma pessoa, principalmente agindo nas causas relacionadas ao amor, relacionamento e sexo e trabalhando em afastamento de rivais.

Mas Maria Padilha não ajuda aqueles que a recorrem com segundas intenções ou com maldade, ajuda apenas aqueles que procuram por amor com a melhor das intenções, por isso para que seu pedido à Maria Padilha dê certo, concentre-se primeiramente na intenção.

Maria Padilha é um símbolo de beleza, feminilidade e fidelidade, que tornou-se quase um ser mitológico que cresceu em fama ao longo dos séculos e acabou por se tornar a musa de vários autores, desde a protagonista de óperas a ser uma semideusa a invocar nos feitiços do amor, sendo um símbolo de beleza e até luxúria, alcançando a sua fama e adoração tão longe de Sevilha quanto Brasil.

Normalmente, são oferecidas rosas vermelhas sem espinhos e bem abertas à Maria Padilha, porque botões de rosa fechados sempre foram vistos como um símbolo de pureza e virgindade, o que está longe de ser a realidade da entidade.

Maria Padilha é a rainha da Espanha e pomba gira no Brasil, conhecida em Sevilha e na Espanha por ter sido amante de D. Pedro I, e reconhecida postumamente como sua legítima esposa, tornou-se a protagonista de uma das mais de 150 óperas ambientadas em Sevilha e uma figura muito popular entre o público em geral por ter protagonizado uma história de amor desaprovada na sua época, alvo de classes mais populares que se encarregaram de alimentar a lenda e torná-los protagonistas durante os séculos posteriores de romances, peças de teatro, lendas e óperas.

Maria Padilha, no Brasil e no estudo das religiões brasileiras de origem africana, é encontrada como uma personagem e divindade, cuja presença é mais vista na umbanda, uma religião que parece ter se originado em 1908, no Rio de Janeiro, através de uma mistura de diferentes aspectos religiosos e espirituais, como Santeria Católica, espiritualismo, misticismo, esoterismo e religiões tribais do Congo e de Angola.

Maria Padilha passou assim de esposa-amante do rei a “padroeira” das feiticeiras, um espírito poderoso, mau e infernal, suscitando paixão e devoção, uma rainha castelhana que com o tempo se transformou na mais venerada “deusa” do amor no Brasil, onde é pura beleza, emana muito charme e passa confiança à todos os que procuram por ela.

Maria Padilha é conhecida, também, por ajudar, em momentos de necessidade, as mulheres que precisam de alguém que possa colaborar com problemas sexuais ou férteis.

Maria Padilha é uma das principais entidades da umbanda e do candomblé, repleta de amor e oferece ajuda para concretizar relacionamentos para pessoas que sofrem de paixões não recíprocas.

Tem um caráter marcante e bem mais forte e autoritário que as outras entidades que trabalham regularmente com ela.

Maria Padilha atende pedidos relacionados à pessoa amada e quebra de feitiçaria.

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