Maria Padilha é de Qual Religião?

Maria Padilha é de Qual Religião

Maria Padilha é a rainha do Candomblé, está em quase todos os terreiros, bebe uísque e gosta muito de música alegre.

Sou eterna, vivi várias vidas, e hoje sou uma pombagira de luz, meu nome é Maria Padilha para quem não me conhece. Ajudo a quem me procura, e lasco com a vida de quem me desafia. Não tenho medo de feitiço e nem de reza mal rezada. Quem me dá o de comer também come quem me dá o de beber também bebe. Mas quem nada me oferta, eu também não tenho nada para dar (Pombagira Maria Padilha, Agosto de 2017).

Moro no cabaré, lá é meu lugar, moro nas encruzilhadas e em qualquer lugar, quem quiser me ver, me agradar passa em um desses lugares. Juraram de me matar na porta deum cabaré, passa por lá todo dia, não mata porque não quer kkkkkkkkkkkkk (Pombagira Maria Padilha, Setembro de 2017).

Para os umbandistas, Maria Padilha é o espírito de um antepassado; enquanto que no Candomblé, onde predomina uma ligação mais intrínseca com as tradições africanas, é um espírito divinizado.

O culto à Maria Padilha se dá em quase todas as ramificações religiosas de matriz africana e afro-brasileira em nosso país, e especialmente na Umbanda.

Sendo esta religião nascida em solo brasileiro, fruto do processo de misturas de diversas religiões: o catolicismo, o espiritismo kardecista, o candomblé de raiz africana e das religiões indígenas.

Maria Padilha também é conhecida por dama da madrugada, rainha da encruzilhada e senhora da magia, e é uma falange/ou agrupamento de pombas giras pertencente, principalmente, ao sincretismo das religiões afro-brasileiros Umbanda e Quimbanda, onde podemos encontrar, sobretudo, as seguintes falanges:

  • Maria Padilha do Cruzeiro das Almas – Linha de Omolu-Obaluaê/Iansã
  • Maria Padilha da Encruzilhada – Linha de Ogum
  • Maria Padilha do Cemitério – Linha de Omolu-Obaluaê
  • Maria Padilha da Kalunga – Linha de Oxum/Iemanjá
  • Maria Padilha das Sete Catatumbas / Sete Tumbas – Linha de Omolu-Obaluaê
  • Maria Padilha da Navalha – Linha de Oxum
  • Maria Padilha das Sete Saias – Linha de Oxum

Maria Padilha é uma entidade que sempre causa muita repercussão e alguns episódios de intolerância religiosa, afinal Maria Padilha é bonita, é mulher e sagrou-se como a única esposa de Dom Pedro I de Castela, tornando-se a legítima rainha e exercendo seu poder e influência mesmo depois de morta.

Os pontos cantados de Maria Padilha lembram muito sua história e, Maria Padilha, talvez a mais popular pomba gira, sendo considerada espírito de uma mulher muito bonita, branca, sedutora, e que em vida teria sido prostituta grã-fina ou influente cortesã.

Maria Padilha, a amante do rei de Castela, e toda a sua quadrilha, vieram de Montalvan a Beja, de Beja a Angola, de Angola a Recife e de Recife para os terreiros de São Paulo e de todo o Brasil.

Assim, Maria Padilha passou a ser o espírito da amante do rei de Castela que se manifesta nos terreiros de Umbanda e Candomblé e com uma posição simbólica da mulher na religião afro-brasileira.

A evolução social do culto à pomba gira Maria Padilha é uma amostra da ascensão social feminina, que ocupa um lugar de sacralidade através desse simbolismo.

Assim, Maria Padilha se tornou a pomba gira mais procurada nos terreiros e uma importante figura das religiões de origem africana, representada pela imagem de uma feiticeira, capaz de trazer o amor de volta.

Dependendo da linhagem e de outras características, Maria Padilha escolhe seu parceiro para realizar determinados trabalhos juntos.

Nos terreiros espalhados por todo o mundo, Maria Padilha é procurada para realizar feitiços, dar orientação e conselhos sobre amor, recebendo em troca presentes bonitos e sedutores, como cidra e rosas vermelhas, afinal, ela é o símbolo da sedução, feitiço e amor.

Maria Padilha é capaz de fazer muitas coisas na vida de uma pessoa, pois age nas causas relacionadas ao amor, relacionamento e sexo, o que inclui a amarração amorosa com Maria Padilha, trabalho para afastamento de rival, entre outros.

Porém, Maria Padilha não ajuda aqueles que a recorrem com segundas intenções ou com maldade. Maria Padilha ajuda apenas aqueles que procuram por amor com a melhor das intenções.

Então, se quiser pedir algo à Maria Padilha, primeiro, avalie se seu pedido é realmente digno das bênçãos de Maria Padilha, e só depois recorra à sua intercessão.

Maria Padilha é considerada a rainha das encruzilhadas, sendo fonte de estudo religioso e cultural. Ela trabalha abrindo caminhos, atuando muito no universo feminino.

Eh, abre a roda
deixa pomba gira trabalhar
Eh, abre a roda
deixa pomba gira trabalhar
ela tem peito de aço
ela tem peito de aço
e coração de sabiá
Eh, abre a roda
deixa pomba gira trabalhar
ela tem peito de aço
ela tem peito de aço
e coração de sabiá
(Ponto de Maria Padilha)

Maria Padilha é a senhora de todos os tempos e caminhos e é caracterizada por elementos do universo feminino, como uso de vestimentas, joias, pinturas, maquiagem, presentes na contemporaneidade e parte da cultura brasileira.

Maria Padilha se apresenta nos rituais umbandistas com trejeitos, posturas, indumentária, maquiagem e vestimentas relacionadas a um universo multicultural, cujo conhecimento representa um rico mosaico de investigação no âmbito da religiosidade e do imaginário social.

Maria Padilha é uma entidade feminina originada da magia europeia ibérica e tendo sido acometida de uma doença da qual veio a falecer posteriormente, recebeu o título de rainha post mortem.

Maria Padilha expressa em sua performance a vaidade das mulheres brasileiras, embora remeta a uma personagem de origem cigana, e é cultuada na Umbanda na categoria de pomba gira, onde manifesta uma performance ritual nos terreiros que pode ser analisada tomando em consideração os comportamentos expressivos da entidade, em torno da exibição de um corpo, uma voz, “ganhando” uma imagem espetacular para o olhar do outro, no tempo e no espaço do sagrado.

Ela apareceu no Brasil, pela primeira vez, na voz de uma feiticeira degredada chamada Maria Antônia que, penitenciada pelo Santo Ofício, deixou Lisboa, em 1713, a caminho de Angola, onde permaneceu por dois anos, reaparecendo depois em Pernambuco, de onde ganhou notoriedade nacional.

Maria Padilha tem a função de lidar com o sagrado e o demoníaco. Aos sons dos tambores, ela dança, utiliza as roupas para expressar sentimentos, fé, realizando gestos e ações em momento do rito espetacular.

A manifestação de Maria Padilha é uma clara evidência de que nos cultos afro-brasileiros é possível encontrar um rico campo da ação performática, pois a entidade evoca uma espetacularidade natural e magistral, com trejeitos, posturas, vestimentas, permitindo aos espectadores ou participantes do ritual no qual se apresenta, a possibilidade de viajarem em sua história por meio de seus encantos, com estéticas próprias.

É a relação da religião de encantar, enfeitiçar e seduzir. Maria Padilha, a feiticeira das pombas giras, não era uma mulher qualquer, e suas manifestações em rituais umbandistas deixa claro isso.

Apegada à matéria e ao seu grande amor, Maria Padilha é chefe de falange na linha de Exu e é chefe de terreiro, atuando como Exu-Mulher lado a lado de Exus homens.

Poderosa em seus feitiços de amor, dentro de terreiros, Maria Padilha comanda os feitiços e consola aqueles que perderam um grande amor.

A Rainha Maria Padilha de Castela aportou aqui, no Brasil, através do imaginário e nos conjuros de mulheres degredadas e se estabeleceu como entidade da Linha de Esquerda na Umbanda, onde seus companheiros principais são os Exús e Seu Zé Pelintra, que também trabalham na Quimbanda, tida frequentemente como magia negativa.

Maria Padilha, a maior representante das pombas giras, é vista como uma senhora de uma feminilidade demoníaca, vulgar e sexualmente indomável.

O que anuncia a manifestação, o que abre a porta para a chegada de Maria Padilha, é a boca: uma sonora gargalhada.

Maria Padilha vem clamar, gargalhando e gingando, pra todo mundo ver ela fazer justiça. Maria Padilha também abriu a porteira para uma falange de Moças (outro nome que Elas gostam): Rosa Vermelha, Rosa Caveira, Maria Navalha, Sete Saias, Maria Molambo, Maria Quitéria… e muitas mais.

Maria Padilha, Rainha de Castela, era versada em magia, e está enterrada na Capela dos Reis, cuja visitação é proibida.

Maria Padilha está apagada ou reduzida a amante assassina na própria cidade onde viveu. A rainha póstuma virou mito com o passar do tempo, mas ainda alimenta histórias e é louvada e invocada por mulheres de magia e de fé cujas práticas, muitas vezes, se dá nas bordas de várias religiões, como o catolicismo, por exemplo.

Entre dezenas, Maria Padilha é uma das pombas giras mais conhecidas e, para ela, questões de bem e de mal são irrelevantes:

Ela é Maria Padilha
De sandalhinha de pau
Ela trabalha para o bem
Mas também trabalha para o mal.

Em decorrência disso, é muito frequente, entre os adeptos, atitudes de medo e respeito para com Maria Padilha, mesmo quando dela não se pretende qualquer favor:

Quem não me respeitar
Oi, logo se afunda
Eu sou Maria Padilha
Dos sete cruzeiros da calunga
Quem não gosta de Maria Padilha
Tem, tem que se arrebentar
Ela é bonita, ela é formosa
Oh! bela, vem trabalhar.

Nem é de se estranhar que tenha sido a Umbanda que melhor desenvolveu essa entidade, pois foi a Umbanda, como movimento de constituição de uma religião referida aos orixás e aos pactos de troca homem-divindade e ao mesmo tempo preocupada em absorver a moralidade cristã, que separou o bem do mal, sendo portanto, obrigada a criar panteões separados para dar conta de cada um.

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