Categoria: Povo Cigano

  • A Origem do Povo Cigano

    A Origem do Povo Cigano

    Originários do Noroeste da Índia, o povo que hoje é conhecido por cigano ou Rom partiu em êxodo desta região por volta do ano 1000 por razões ainda hoje não totalmente esclarecidas.

    Este povo espalhou-se pela Ásia e Norte da Europa num surto de migração que deu origem à denominação povo Rom. Um outro fluxo de migração passou pelo Egito, daí o nome de gypsy, tsigane, gitano e cigano, e veio a espalhar-se pelo Norte da África, Península Ibérica e Sul da Europa.

    O povo cigano tem uma língua própria manifestada em diferentes dialetos que têm origem na língua hindu e no sânscrito. A sua língua é também uma espécie de código que estabelece a base dos laços sociais e familiares dentro da mesma comunidade ou em comunidades diferentes de ciganos.

    Os ciganos do Sul da Europa, Calés ou Calós em Portugal e Espanha, e Manouches em França, bem como os Rom do Leste da Europa, maioritariamente concentrados, em termos de países, na Roménia, em que constituem cerca de mais de dois milhões e meio de pessoas, partilham todos a mesma herança cultural da Índia, transformada por séculos de itinerância e nomadismo em contacto com povos de todo o mundo.

    Constituindo ao longo da história um grupo marginalizado pelas sociedades com as quais estiveram em contacto pela recusa de abandonar a sua cultura, tradição, língua e costumes e pela sua necessidade visceral de liberdade e independência, os ciganos escolheram durante séculos a vida nômade por ser aquela que lhes permitia sobreviver em plena identidade.

    Para além da discriminação e exclusão social e racismo, os ciganos sofreram formas de escravatura real ou informal, como no caso da Romênia, e foram vítimas de tentativa de genocídio do III Reich nazi que levou ao extermínio de cerca de meio milhão de homens, mulheres e crianças ciganas.

    Uma forma de vida do povo cigano é a arte do circo, da representação, da amestração de animais e a música. Foi sobretudo a música que permitiu a um certo número de grupos de ciganos uma posição muito favorável junto das cortes de reis e czares na Europa e na Rússia.

    Em termos musicais, os ciganos assimilam a cultura musical dos povos com quem estão em contacto e reinterpretam-na de uma forma inteiramente pessoal e cultural, o que chega a ter laivos de verdadeira reinvenção.

    Uma das manifestações mais importantes desta influência mútua de ciganos e gadgés encontra-se no flamengo, arte viva que uniu na sua expressão não só as formas culturais como também os povos.

    A família e a honra são os valores mais queridos deste povo, que observa uma série de regras de forma muito rigorosa. No entanto, a força de muitos dos costumes mais tradicionais do povo cigano tem vindo a enfraquecer, sobretudo nas comunidades suburbanas sujeitas a uma enorme pressão por problemas econômicos e de marginalidade.

    Por outro lado, assiste-se, sobretudo durante a segunda metade do século XX, a criação, na Europa, de instituições organizadas de defesa da cultura e dos direitos do povo cigano, que pugnam pela preservação de muitas das suas tradições, ao mesmo tempo que pretendem um estatuto de cidadania efetiva junto das sociedades em que estão inseridos, com o respeito dos seus direitos mais elementares, entre os quais o respeitante à diferença.

    Hoje em dia, são raras as comunidades totalmente nômades de ciganos, dado que a maior parte se sedentarizou total ou parcialmente.

    A Origem do Povo Cigano Como um Mistério

    Para muitos, ainda hoje, a origem desse povo continua envolta em mistério, pois, nas antigas lendas ciganas, constatamos referências bíblicas que podem nos direcionar a uma origem na Caldéia (região que hoje pertence ao Iraque) e não na Índia.

    Outro ponto significativo é a crença em um único Deus criador, Devel, o que os aproxima da história de povos semitas, ao contrário do que seria esperado de uma origem indiana, com suas várias divindades.

    Porém, alguns especialistas não deixam de acreditar que eles surgiram na Índia, já que o idioma falado pelos ciganos tem muitas semelhanças com várias línguas do subcontinente indiano.

    Além da origem, outro fator que chama a atenção na história do povo cigano é a perseguição sofrida pela Inquisição, o tribunal da Igreja Católica que julgava crimes contra a fé.

    Como conviviam tanto com mouros quanto com cristãos, os ciganos oscilavam do paganismo ao cristianismo, o que bastava para serem acusados de heresia.

    Séculos mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os alemães mataram cerca de 400 mil ciganos, vítimas da ideologia nazista que defendia uma raça supostamente pura, a ariana, na Europa.

    Hoje, calcula-se que existam de 2 a 5 milhões de ciganos no mundo, concentrados principalmente na Europa Central, em países como as Repúblicas Checa e Eslovaca, Hungria, Iugoslávia, Bulgária e Romênia.

    Como dito anteriormente, não se sabe se os ciganos surgiram na Índia ou no atual Iraque, mas de um desses dois pontos eles rumaram para o Ocidente, chegando à Europa pela região da Armênia, por volta do século XIV.

    No século XVII, os ciganos já haviam se espalhado por todos os países da Europa e deles seguiram para colônias na América e na África. O documento mais antigo referente à presença dos ciganos no Brasil é de 1574.

    A Origem Indiana e a Língua Romani do Povo Cigano

    Na Europa, o povo cigano, de origem indiana e língua romani, são subdivididos em diversos grupos étnicos:

    • Roma (em singular: rom, termo que, traduzido para o português, significa “homem”), presentes na Europa centro-oriental e, a partir do século XIX, também em outros países europeus e nas Américas;
    • Sinti, encontrados na Alemanha, bem como em áreas germanófonas da Itália e da França, onde também são chamados manoush;
    • Caló, os ciganos da Península Ibérica, embora também presentes em outros países da Europa e na América, incluído o Brasil.
    • Romnichals, principalmente presentes no Reino Unido, inclusive colônias britânicas, nos Estados Unidos e na Austrália.

    Em razão da ausência de uma história escrita, a origem e a história inicial dos povos roma foram um mistério por muito tempo. Até meados do século XVIII, teorias da origem dos roma se limitavam a especulações.

    No final do século, antropólogos culturais levantaram a hipótese da origem indiana dos roma, baseada na evidência linguística – o que foi posteriormente confirmado pelos dados genéticos.

    Em 1782, Johann Christian Cristoph Rüdiger, professor da Universidade de Halle, na Alemanha, publicou um artigo intitulado “Sobre o idioma indiano e a origem dos ciganos”, no qual compara as estruturas gramaticais do romani com as do hindustani.

    Trabalhos seguintes deram apoio à hipótese de que a língua romani possuía a mesma origem das línguas indo-arianas do norte da Índia. Os povos ciganos originaram-se de populações do noroeste do subcontinente indiano, das regiões do Punjab e do Rajastão, obrigadas a emigrar em direção ao ocidente, possivelmente em ondas, entre 500 e 1000 d.C.

    Por muito tempo, a falta de uma ligação histórica precisa a uma pátria definida ou a uma origem segura não permitia que os ciganos fossem reconhecidos como grupo étnico bem individualizado, ainda que por longo tempo tenham sido qualificados como egípcios.

    Estudos genéticos confirmam a Índia como sendo o local de origem dos ciganos. De acordo com um estudo genético, a análise de linhagens uniparentais revela com consistência o Noroeste da Índia como sendo a região de origem dos ciganos.

    Um estudo genético de 2012 também chegou à mesma conclusão, tendo inferido que a origem dos ciganos teria se dado por volta de 1500 anos atrás, sendo que após rápida migração os ciganos teriam alcançado a Europa aproximadamente 900 anos atrás.

    Um estudo genético de 2011, focado no estudo de linhagens maternas (DNA mitocondrial), também verificou a origem indiana dos ciganos, tendo apontado o estado do Punjab como a fonte de origem deles.

    Os roma não têm uma religião própria, um deus próprio, sacerdotes ou cultos originais e, mesmo pertencendo a uma única etnia, existe a hipótese de que a migração desde a Índia tenha sido fracionada no tempo e que, desde a origem, eles fossem divididos em grupos e subgrupos, falando dialetos diferentes, ainda que afins entre si.

    Rotas migratórias do povo cigano pela Europa
    Rotas migratórias do povo cigano pela Europa

    Parece singular o fato de que um povo não tenha cultivado, no decorrer dos séculos, crenças em uma divindade particular, nem mesmo primitiva, do tipo antropomórfico ou totêmico.

    Os roma não representam, como já se salientou, um povo compacto e homogêneo. Em 1428, já havia ciganos na França e na Suíça. Em 1500, surgiram os primeiros ciganos ingleses.

    A migração dos ciganos para o Brasil é antiga: a documentação conhecida indica que sua história no Brasil iniciou em 1574, quando o cigano João Torres, sua mulher e filhos foram degredados para o Brasil.

    Em Minas Gerais, a presença cigana é nitidamente notada a partir de 1718, quando chegam ciganos vindos da Bahia, para onde haviam sido deportados de Portugal.

    No Brasil, estudos demonstraram a existência de ciganos de pelo menos dois grupos: os Calon que migraram para o país desde o século XVI, e os Rom que, de acordo com as indicações, migraram para o Brasil somente a partir de meados do século XIX.

    Os ciganos são também uma linha cultuada e praticada na umbanda brasileira.

    Perseguições ao Povo Cigano, Pobreza, Má Qualidade de Vida e Exclusão Social

    Enquanto ocorriam as perseguições do século XV, contra judeus e muçulmanos, começa também a caça aos ciganos. Na Europa, o propósito de extermínio dos ciganos sempre foi muito claro”.

    Os anos de 1555 e 1780 são particularmente marcados por atos de violência contra os ciganos, em vários países. Caracterizados pelo nomadismo, o modo de vida dos ciganos e suas condições de subsistência são sempre determinados pelo país em que se encontram: os mais ricos são os ciganos suecos e os mais pobres encontram-se nos Bálcãs e no sul da Espanha.

    Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), entre 200.000 e 500.000 ciganos europeus teriam sido exterminados nos campos de concentração nazistas.

    A palavra “cigano” tem, no dicionário, como um de seus significados, “que ou aquele que trapaceia; velhaco, burlador” e “que ou aquele que faz barganha, que é apegado ao dinheiro; agiota, sovina”.

    Estes termos são expressos para uso da palavra cigano de forma pejorativa, ou seja, de forma depreciativa. Segundo o relatório de Ofsted de 1999, os alunos ciganos de famílias itinerantes apresentam resultados mais baixos que os de qualquer grupo étnico minoritário e são o grupo de maior risco no sistema de ensino no Reino Unido.

    Os ciganos representam a maior minoria da Europa, cerca de 11 milhões. Em comunicação apresentada durante o encontro “Ciganos no século XXI”, realizado em Lisboa, em setembro de 2010, o espanhol Santiago González Avión, diretor da Fundação Secretariado Cigano, na Galiza, apontou as divisões entre as próprias comunidades ciganas.

    Entre os ciganos de nacionalidade espanhola, a fragmentação é forte. Galegos e castelhanos dividem-se. E há discriminação também entre os ciganos transmontanos, de nacionalidade portuguesa, e os espanhóis“, apontou González.

    As Caravanas – Acampamento cigano em Arles, na França, pelo pintor Vincent van Gogh

    É importante assinalar também que os primeiros grupos de ciganos chegados a Europa ocidental fantasiavam acerca de suas origens, atribuindo-se uma procedência misteriosa e lendária, em parte como estratégia de proteção frente a uma população em que eram minoria, em parte como posta em cena de seus espetáculos e atividades.

    A origem do povo rom foi objeto de todo tipo de fantasias. Algumas teorias sugerem que foram originalmente indivíduos pertencentes a uma casta inferior da sociedade indiana recrutados e enviados a lutar ao oeste contra a invasão muçulmana.

    Vários povos similares aos ciganos vivem hoje em dia na Índia, aparentemente originários do estado desértico de Rajastão, e à sua vez, povoações ciganas reconhecidas como tais pelos próprios roma vivem, todavia, no Irã, com o nome de lúrios.

    De acordo com os estudos de Terrence Kaufman (1973), a origem da língua romani, baseado nos dialetos europeus, pode localizar-se na Índia central e posteriormente, podem documentar-se empréstimos linguísticos que foi adquirindo nos territórios por onde migrava, que iriam desde o século II a.C. ao século XIV d.C.: assim tem empréstimos do persa da sua passagem pela Pérsia, mas não da língua árabe, o que demostra que a sua passagem pela Pérsia foi anterior à sua islamização, no ano 900.

    Em nível acadêmico, o descobrimento da origem indiana do romani corresponde ao alemão Johann Rüdiger, catedrático da Universidade de Halle-Wittenberg, que em 1782 publicou um artigo de investigação linguística, no que analisava a fala de uma mulher cigana, Barbara Makelin, e a comparava com a língua recolhida numa gramática alemã do hindustani (o nome pelo que se conhecia antigamente os atuais hindi e urdu).

    No seu artigo, Rüdiger reconhecia a influência nas suas investigações do dicionário de romani de Hartwig Bacmeister, de 1755, a quem já em 1777 comunicara as suas ideias, assim como a sua dívida com seu professor Christian Büttner, que anos antes aventurara a possibilidade duma origem indiana ou acaso afegã dos ciganos.

    Entretanto, foi Rüdiger que estabeleceu, mediante a sua comparação entre a descrição gramatical do hindustani e a fala de Barbara Makelin, que as similitudes entre ambas variedades linguísticas evidenciavam uma origem comum.

    A história do povo cigano é ainda hoje objeto de controvérsia. Certas referências sugerem que as primeiras menções escritas da existência do povo rom são anteriores ao séculos XIV: um texto que relata como Santa Atanásia de Egina repartiu comida em Trácia a uns “estrangeiros chamados atsinagi” (do grego Ατσίνγανος’) durante a escassez do século IX, em plena época bizantina.

    Em 1322, um monge franciscano chamado Simon Simeonis descreve um povo com características similares aos “atsigani” vivendo em Creta, e em 1350, Ludolphus de Sudheim menciona um povo similar, com uma língua única, ao que chama “mandapolos”, uma palavra que segundo se pensa deriva do grego “mantes” (profeta ou adivinho).

    Desde a sua chegada a terras europeias, uma das faces da comunidade cigana que mais chamou a atenção dos demais povos era a sua estranha língua, muito diferente das faladas na Europa.

    Também em 1427, produziu-se uma das chegadas de ciganos melhor documentadas, conservada na obra “Temoignage d’un bourgeois de Paris”. Em 12 de agosto desse ano, chegaram a Paris, onde causaram grande fascinação pelo seu aspecto miserável e estranho, e o povo acudiu em massa para vê-los adivinhar o futuro.

    O incansável povo cigano estava sempre empreendendo uma nova migração. Hoje, temos povoados ciganos que chegam a representar uma porcentagem da população local onde habitam de forma fixa.

    A história do povo cigano foi estudada sempre pelos não ciganos, com frequência através de um cariz fortemente etnocentrista. Porém, não existe uma delimitação clara dentro da própria comunidade (nem fora) acerca de quem é cigano e quem não o é.

    Uma antiga lenda balcânica os faz forjadores (ou ladrões) dos pregos da cruz de Cristo, motivo pelo qual teriam sido condenados a errar pelo mundo, se bem que não há qualquer evidência que situe aos ciganos no Oriente Médio nessa época.

    O que é aceito pela maioria dos investigadores é que os ciganos poderiam ter abandonado a Índia em torno do ano 1000, e atravessado o que agora é o Afeganistão, Irã, Armênia e Turquia.

    No século XII, os ciganos enfrentaram o avanço dos muçulmanos, que tentaram impor sua religião na Índia, e lutaram contra os Sarracenos por muitos séculos, inclusive durante a Idade Média.

    Em 1416, sabe-se da presença de ciganos na Romênia, Boêmia (República Checa) e em Lindau (Alemanha). Em 1471, o rei de Boêmia, Sigismundo II, concedeu-lhes um salvo-conduto e, entre 1418 e 1419, os ciganos já circulavam pela Suíça.

    Primeira chegada dos ciganos às muralhas de Berna, no século XV. Eram descritos como de pele escura, usando roupas e armas sarracenas.

    Como e quando chegaram os ciganos à Península Ibérica é uma questão que está longe de se chegar a um consenso, mas sabe-se que o número de ciganos que entraram ou habitaram na Península no século XV é calculado próximo a 30 mil pessoas e que os ciganos viajavam em grupos variados, de 80 a 150 pessoas, lideradas por um homem, cada grupo autônomo mantinha relações à distância com algum dos outros, existindo talvez relações de parentesco entre eles (algo comum nos nossos dias entre os ciganos ibéricos).

    O século XVI pode ser considerado como a idade de ouro dos ciganos na Europa. Quando teve lugar o descobrimento da América, em 1492, os ciganos já estavam espalhados por toda a Europa, onde apesar de uma boa acolhida inicial começaram a ser perseguidos, marginalizados, expulsos, severamente castigados, escravizados (como na Romênia, onde a escravidão cigana não foi abolida até 1864) ou simplesmente exterminados.

    O desencontro entre os ciganos e os não ciganos perdura desde o século XVI até a atualidade. A partir do final do século XVI, sucederam-se em toda a Europa autorizações, leis e decretos contra o modo de vida dos ciganos.

    A tenacidade dos ciganos, as suas estratégias de ocultamento, de multi-ocupacionalidade (como a chama Teresa San Román), de semi-nomadismo ou itinerância circunscrita, de adaptação às circunstâncias instáveis da legislação, a capacidade para cruzar fronteiras ou para aliar-se em determinadas ocasiões com a população autóctone realizando trabalhos imprescindíveis, é o que fez com que os ciganos de toda Europa resistissem à assimilação e conservassem as suas próprias características culturais mais ou menos intactas até a atualidade.

    Na Baviera, foi elaborado em 1905 um “Livro cigano”, com um censo inicial de 3 mil indivíduos que logo aumentaria com a colaboração de outros estados germânicos.

    O estado da Baviera autorizou o castigo a trabalhos forçados a todo cigano que não pudesse demonstrar ter um trabalho estável, e a República de Weimar estendeu essa medida para toda a Alemanha.

    Os censos de ciganos multiplicaram-se em toda a Europa (França, Inglaterra) e na Suíça, em 1926, começou o costume de sequestrar meninos ciganos para serem educados entre não ciganos, prática que só seria abandonada em 1973.

    O auge do nazismo e os excessos da Segunda Guerra Mundial fartaram-se com a crueldade com os ciganos. Depois de uns momentos de dúvida, nos que se esteve perto de classificar aos ciganos dentro da raça ariana, Himmler, um dos principais líderes do partido Nazi, ordenou a sua internação, e finalmente a sua execução em massa.

    Só em Auschwitz-Birkenau morreram mais de vinte mil ciganos. O genocídio cigano é um fenômeno relativamente desconhecido, no que colaboraram com mais ou menos interesse (igual ao ocorrido no genocídio judeu) às populações autóctones.

    Na Europa central e do leste, sob regimes comunistas, os ciganos sofreram políticas de assimilação e restrições da liberdade cultural. Na antiga Checoslováquia, dezenas de milhares de ciganos da Eslováquia, Hungria e Romênia foram reassentados em regiões fronteiriças da Morávia, e foi proibido o estilo de vida nômade.

    No início da década de 1990, a Alemanha deportou dezenas de milhares de imigrantes à Europa Central e Oriental. Cerca de 60% de uma população de 100 mil cidadãos romenos que foram deportados, de acordo com um tratado de 1992, eram ciganos.

    As estimativas são de 200 a 280 mil ciganos desprezados do leste ao oeste europeu desde 1960 a 1997. Segundo informações do Banco Mundial, na Europa há uma população entre 7 e 9 milhões de ciganos, dos que ao redor de 568 mil (2002) vivem na Romênia, ainda que percentualmente a presença maior do povo cigano é a da República da Macedônia, onde representa 11% da população.

    A maior parte da população cigana da Europa central na zona balcânica vive com menos de 3 euros por dia per capita e 89% dos ciganos búlgaros não podem cursar estudos primários.

    No Brasil, estima-se que existam entre 678 mil (estimativas do governo) e 1 milhão de ciganos. Apesar de todas essas estatísticas, os ciganos estão longe de constituir um povo único e homogêneo, e são divididos em várias etnias.

    Os ciganos chegaram ao Brasil com os navegantes portugueses e estabeleceram-se em praticamente todo o território nacional, especialmente na Bahia.

    Hábitos e Características dos Ciganos

    Por serem nômades, os ciganos foram incorporando hábitos e costumes das regiões onde estavam e acabaram exercendo ofícios que podiam ser desempenhados em todos os lugares.

    Alguns pesquisadores acreditam que a origem do preconceito contra as comunidades ciganas esteja relacionada com as profissões com as quais eles ganhavam a vida.

    Aliás, é o nomadismo o fator apontado como o principal motivo da desconfiança que vários povos alimentaram contra eles. Os valores, como a fidelidade à família e ao clã, e os casamentos entre si são características marcantes que podemos observar em todos os ciganos.

    Além disso, eles não tem uma religião, no sentido estrito do termo. Eles possuem um conjunto de crenças e princípios, mas não existe a figura de um deus (ou de deuses) em concreto, nem hierarquia religiosa.

    Os ciganos adotavam a religião do território por onde circulavam. Desta maneira, encontramos ciganos católicos, ortodoxos, evangélicos, espíritas e muçulmanos.

    Entre os católicos ciganos é grande a devoção em torno à Santa Sara de Kali, que teria sido amparada por ciganos, no sul da França, e ela, por gratidão, permaneceu com aquele povo, ajudando-os com a chegada de novos integrantes ao grupo.

    Na religião umbanda, existem as “entidades ciganas” que seriam os espíritos de ciganos já falecidos. Como forma de entretenimento, os ciganos dançavam nos seus acampamentos, nas festas, acompanhados de instrumentos musicais, canto e palmas.

  • Povo Cigano e Espiritualidade

    Povo Cigano e Espiritualidade

    O povo cigano é um exemplo de força e empatia. Esse povo acredita e cultua o amor incondicional e a proteção da natureza. São considerados filhos de Santa Sara Kali e iluminados por ela.

    A saudação aos ciganos é “Optchá”, que significa “Salve”, e também pode-se dize “Saravá Povo da Rua” para saudá-los. Quando evocados, o povo cigano chega com suas danças, sua alegria, e a fé que contagia a todos que estão por perto.

    Mas, é preciso ressaltar que nem todas as pessoas ciganas virarão guias espirituais, pois a existência e cultura particular desse povo não tem relação alguma com as religiões, principalmente as de origem afro.

    Digo isto, porque os ciganos são muito ligados à Umbanda, onde se apresentam como guias espirituais com comportamento livre, olhares imponentes e com a firmeza de pensamentos necessária para quem compreende o que realmente é essencial na vida.

    Muito próximos dos sentimentos humanos, a Linha dos Ciganos na Umbanda trabalha no centro, ou seja, tanto na direita quanto na esquerda, portanto são seres de luz, que passaram por esse mundo tomando consciência dos instintos humanos, o que os tornam importantes guias e orientadores espirituais, com grande compreensão dos nossos anseios e fraquezas.

    Os ciganos são guias espirituais que trabalharam de maneira respeitosa e que sempre demonstram o caráter fraterno de sua grande tribo. Os ciganos são indivíduos que colocam, acima de tudo, a liberdade, a fé, a alegria e o amor.

    Além disso, muitos desses ciganos passaram por diversas vidas para poderem alcançar um nível mais elevado e poderem contribuir com seus conselhos, se tornando assim entidades ciganas.

    As maiores características dos ciganos são a alegria e a independência, por isso, em uma linha de trabalhos espirituais, eles sempre buscam seu espaço próprio.

    Durante giras com ciganos, não é comum vermos trabalhos de quebra de demandas ou algo mais pesado. Ciganos costumam trabalhar com o lado leve da vida, sendo bastante voltados para o amor e a prosperidade.

    Alguns nomes são bem comuns na linha de ciganos da Umbanda. São diversos os nomes de atribuição aos ciganos na Umbanda, os mais comuns são: Alba, Aurora, Ramirez, Esmeralda, Carmen, Dalila, Dolores, Gonçalo, Jade, Leoni, Jasmim, Ramon, Sara, Vladimir, Juan, Vladimir e Sandro.

    As oferendas aos ciganos costumam ter fitas coloridas, perfumes, fumo, defumadores, imagens ciganas, lenços, moedas, Baralho Cigano, músicas, sucos, chás, vinhos, ponches, água, pulseiras, brincos, sais, colares, leques, xales, cristais, incensos, véus, doces, pães, frutas, mel, velas ,especiarias, plantas e flores.

    O dia dos ciganos também é celebrado, sendo comemorado no dia 24 de maio, mesma data em que se celebra Santa Sara Kali, a santa considerada a padroeira dos ciganos.

    Os ciganos também possuem suas cores respectivas e utilizadas com símbolo e significado, sendo elas:

    • Azul – Purificação, paz e tranquilidade.
    • Verde – Saúde, cura, esperança e força.
    • Amarelo – Estudos, prosperidade financeira e alegria.
    • Vermelho – Força, proteção, trabalho, alegria, paixão e transformação.
    • Rosa – Amor e sentimentos bons.
    • Branco – Paz, purificação e elevação espiritual.
    • Lilás – Intuição, quebra forças negativas e proteção.
    • Laranja – Alegria, comemoração e prosperidade.

    Essas cores também são denominadas como o arco-íris cigano.

    Aos ciganos, é muito comum recitar orações juntamente com suas saudações para que eles venham com sua alegria e intercedam por quem ora, entregando bem-estar, saúde e equilíbrio mental, físico e espiritual.

    Se tornar um conselheiro espiritual dos encarnados é uma decisão particular de cada alma, eles esperam com isso alcançar um outro nível de conhecimento e sabedoria.

    O povo cigano é uma linha espiritual que busca, acima de tudo, através da empatia, conservar a generosidade e a paixão tanto pela vida humana quanto por nossa querida e amada natureza.

    Os ciganos, na espiritualidade, atuam em diversas linhas espiritualistas e, assim como prezam pela liberdade enquanto encarnados, em sua trajetória terrena, na espiritualidade também se manifestam de forma livre, em vários cultos e religiões.

    Os espíritos Ciganos são cultuados e reverenciados em rituais de bruxaria e wicca, para levarem energias tanto de prosperidade, como para rituais de amor, trazendo alegria e harmonia, salientando que os adeptos desta linha pagã não incorporam os espíritos Ciganos, mas creem na força espiritual desta linha e na energia que trazem para nós, encarnados.

    Na Umbanda, Os Ciganos atuam de diversas formas. Existem guias Ciganos que atuam em Terreiros na esfera espiritual, sem incorporação, auxiliando a Corrente já no início das Sessões, energizando os consulentes e médiuns, fazendo limpezas de chacras até que venha em terra a linha de trabalho para dar comunicação. São os Ciganos de Direita.

    Ha linhas Ciganas que atuam em médiuns de incorporação em rituais de cura, tanto auxiliando na cura do corpo físico como na cura do espírito, e também são chamados de Ciganos de direita, ou Linha do Oriente.

    Há também na Umbanda os Ciganos da linha intermediária, atuando em médiuns de incorporação ou não, que atuam nos mais diversos trabalhos, para prosperidade, abertura de caminhos, eliminação de obstáculos e enegias que atrapalham a vida material e espiritual, no equilíbrio mental, harmonização de famílias e casais.

    E há os Ciganos que atuam na linha de Esquerda, junto dos Exus e Pomba-giras. São os Exus Ciganos e Pomba-giras Ciganas. Os Ciganos da Esquerda atuam com a função de polícia do Astral, defendendo e apicando a Lei Divina.

    Estas Entidades atuam tanto em médiuns de incorporação como auxiliando as linhas de esquerda na esfera espiritual, visando a proteção e o combate de demandas, desmanchando trabalhos de maldade, fazendo descarregos, atuando com eficácia em planos espirituais inferiores, desmanchando trabalhos maléficos, e encaminhando espíritos obsessores e atrasados.

    Em todas as linhas e nos mais diversos cultos, Os Ciganos na espiritualidade trazem a alegria, a dança, o respeito a família e a característica individual de sua cultura, de culto a natureza, de conhecimento místico, e utilizam em seus trabalhos o punhal, as pedras, flores, frutas, pães, velas, bebidas, espelhos, fitas, moedas, grãos, incensos, entre outros.

    A tarefa de falar a respeito desse povo sem fronteiras requer grande responsabilidade. Os ciganos possuem uma história de vida alegre e festeira, mas eles também foram, e ainda são, vítimas de preconceitos injustos e sem fundamentos.

    Cheios de tradições e costumes, como encarnados, eles vivem espalhadas por todo o mundo, em sociedades próprias, mas jamais podem ser considerados simplesmente um povo nômade de pouca credibilidade.

    Ao contrário do que muitos pensam, os ciganos, apesar de viverem em acampamentos, que são verdadeiras cidades, e de formarem sociedades próprias, independentes do resto do mundo, não são simples andarilhos.

    Os ciganos possuem uma origem milenar e o modo de vida deles, espalhados por todas as partes do mundo, são de adaptações, muitas vezes, a alguns costumes e religiões de cada região, bem como a alguns dos grandes momentos difíceis pelos quais passaram ao longo de sua história.

    O que existe entre os ciganos é muita união e sabedoria, e o que muitos não sabem é que no povo cigano existem muitos elementos da cultura eslava, basca, grega, egípcia, hindu e outras.

    Além disso, mesmo com a liberdade para escolher uma religião, muitos costumes dessas culturas permanecem no povo cigano. Os ciganos, no passado, tiveram forte ligação com os ciclos da terra, e até mesmo com a roda do ano e seus cultos, principalmente na Romênia, onde eles têm algumas vrajitoare (bruxas) de etnia cigana.

    Alguns historiadores dizem que o povo cigano, no passado, influenciou uma parte da prática atual da bruxaria. É possível saber isso através dos livros de Charles G. Leland, que estudou o povo cigano de perto numa época em que certos ritos ainda existiam.

    Os ciganos são um povo diversificado, cujo dialeto se separou em aproximadamente 100 devido as migrações e costumes absorvidos em diversos países, portanto existem famílias que irão realizar certos ritos típicos de uma região e outras famílias que terão costumes completamente diferentes, porém, mesmo com essa diversidade, os ciganos se reconhecem facilmente e sabem quando alguém está “fantasiado” de cigano, propagando costumes que não existem.

    Na Umbanda, um guia cigano pode te atender gratuitamente e, para se conectar com esta egrégora, basta fechar seus olhos e clamar. Não se permita a enganações de pessoas que se aproveitam da boa fé e do vosso amor pelo povo cigano, se certifique de que está numa casa de confiança, que não atribui aos ciganos uma única religião.

    Trabalhe com os guias ciganos compreendendo que cada um possuirá sua magistica, sua história, seus costumes e mistérios diferentes. Permita que sua espiritualidade se manifeste naturalmente, pois, ao permitir que pessoas enganosas te forneçam falsas informações do povo cigano, existe a possibilidade dos ciganos se afastarem e outros espíritos se aproveitarem da sua inocência, afinal você estará trabalhando com elementos que não pertencem a cultura cigana realmente.

    Muitas coisas se reinventaram, algumas famílias ciganas se entregaram ao evangelho e mantém seu culto a Cristo (kristesko, em Romanês) nas Khanguery (igrejas), outros ciganos possuem um culto a Lilith (diferente da bruxaria), temos ciganos ortodoxos, testemunhas de jeová, ateus, pagãos… enfim, livres para escolher uma religião.

    A influência da Virgem Maria é muito forte na cultura cigana na maioria dos países, até mais do que Santa Sara Kali, pois, ao redor do mundo, não são todos os ciganos que a conhecem.

    Ao mesmo tempo em que ciganos fazem ritos para o desapego da alma, também honram os ancestrais, suas histórias e valores. Infelizmente, muitas pessoas insistem em propagar mentiras usando roupas de guias ciganos de umbanda, se passando por ciganos e inventando uma tradição, cobrando horrores, não entendendo que aquela roupa pertence ao guia e a sua tradição quando encarnado e que usar a roupa não irá mudar sua etnia, e sim fazer com que o farsante seja motivo de piada entre os ciganos, além de desrespeitar a cultura da qual seu guia pertence.

    Um cigano de nátsia jamais venderia a própria cultura por pura proteção dos costumes e, ao mesmo tempo, jamais faria um curso para se tornar cigano, pois ser cigano é etnia, se nasce cigano e não se torna cigano.

    Tome muito cuidado com batismos para virar cigano ou com rituais onde são atribuídos “dons” ciganos ou até mesmo cursos de “magia cigana”, os ciganos não usam este termo, pois eles não tem um sistema específico de magia criado por eles, são várias vitzas e várias famílias, cada uma com seus costumes e tradições, eles chamam apenas de magia.

    O Baralho Cigano e a Clareza no Jogo de Cartas

    Tenham atenção ao escolher um curso de “baralho cigano” vendendo algum método específico de acampamento, afinal, por que uma cigana venderia os próprios segredos prejudicando seu próprio acampamento?

    Afinal, aquele método não seria mais tão procurado pois seria facilmente acessado por não ciganos não é mesmo? O Baralho Cigano que conhecemos não foi criado por ciganos, mas seu uso se popularizou através da Umbanda, e chama-se Petit Lenormand.

    Tradicionalmente, a leitura de cartas era feita apenas por mulheres, homens ciganos não abriam as cartas, pois seu trabalho tradicional era outro, dependendo de sua vitza.

    Alguns homens ciganos costumavam desenhar as lâminas dos baralhos para suas esposas baseados na semiótica e na vivência de acampamento que os mesmos tinham, portanto um baralho de um acampamento nunca sairia igual ao outro, e, na época de acampamento, uma carta contendo o desenho de uma casa não faria muito sentido para a semiótica de uma cigana de acampamento.

    Não é de costume do povo cigano adotar nomes de guias ciganos de Umbanda ou mudar o nome para ficar “mais cigano”, tome cuidado com iniciações em oráculos ciganos que prometem te tornar um cigano dando a você um “nome iniciático cigano”.

    A menos que você tenha um guia cigano te dando clareza de jogo, então não haverá problema em divulgar o seu trabalho com o nome do SEU GUIA, DESDE QUE você dê o crédito AO GUIA, sem tomar para si o nome ou as roupas dele, afinal ler cartas ou trabalhar com guias ciganos não irá te tornar cigano de fato, mas te torna médium dessa incrível linha de trabalho.

    Você não precisa ser cigano para ser um bom oraculista ou cartomante, você só precisa de treino, estudo e prática, e, com isso, sua própria espiritualidade pode te ajudar.

    Caso queira ler cartas trabalhando com o ancoramento de ciganos espirituais, se certifique de estar escolhendo um bom professor, que trabalhe com os guias ciganos de forma respeitosa, sem promessas mirabolantes que mudariam sua etnia e que te conte com exatidão a história do oráculo utilizado.

    Vale a pena lembrar também que, quando falamos de histórias de ciganos, logo lembramos de repetidas histórias de guias espirituais ciganos que percorrem sites esotéricos.

    Muitas delas, infelizmente, não condizem com as tradições das vitzas rhomá e podem vir a retardar o desenvolvimento mediúnico de quem estiver desenvolvendo com um guia cigano, pois o trabalho espiritual com essa linha é feito de dentro para fora, portanto permita que o guia conte sua própria história, afinal um guia nunca terá a mesma história que o outro, mesmo que possua o mesmo nome, não significa que seja o mesmo.

    Assim é como é a espiritualidade cigana… O povo cigano designado ao encarne na Terra, através dos tempos e de todo o trabalho desenvolvido até então, conseguiu conquistar um lugar de razoável importância dentro deste contexto espiritual, tendo muitos deles alcançado a graça de seguirem para outros espaços de maior evolução espiritual, juntamente com outros grupos de Espíritos, também de longa data de reencarnações repetidas na Terra e de grande contribuição, caridade e aprendizado no plano imaterial.

    A argumentação de que espíritos de ciganos não deveriam falar por meio de não-ciganos, ou por médiuns não-ciganos, ou que deveriam fazê-lo no idioma próprio de seu povo, é totalmente errada e está em desarranjo total com os ensinamentos da espiritualidade e sua doutrina evangélica.

    No ritual com o povo cigano, dentro da Umbanda, trabalham e incorporam as entidades da corrente cigana e do oriente, na vibração da direita. Para o povo cigano, se possível, deve ser mantido um altar separado do altar geral.

    Esse altar deve manter a imagem do(a) cigano(a) de devoção, trabalho ou incorporação; o incenso apropriado; uma taça com água e outra com vinho; uma pedra da cor de preferência do(a) cigano(a) em um suporte de metal, se possível, cobre ou alumínio.

    Trabalhando com o Povo Cigano

    1) Aproximação:

    O espírito não é assentado, como os orixás e os exus, ele não pode ser obrigado a fazer nada, pois é um conselheiro, um guia superior. Ele se aproxima da pessoa e incorpora espontaneamente, ou dá intuições sem incorporar.

    2) Oferendas:

    As oferendas para os espíritos ciganos incluem frutas, flores, pão, bebidas (vinho ou água), adornos (coloridos e brilhantes), velas e defumadores. Os espíritos ciganos nunca recebem sacrifício de animais.

    O melhor dia para entregar oferendas para os espíritos ciganos é o domingo, ao meio-dia, seu local preferido é junto a uma árvore na mata ou em um jardim.

    3) Trabalho:

    O trabalho básico dos espíritos ciganos é a adivinhação. A técnica mais comum é a cartomancia, mas podem ser usadas a bola de cristal, a leitura de mãos e outras técnicas menos comuns (geralmente, próprias de um determinado espírito).

    A partir do que seja visto na adivinhação, o espírito cigano pode realizar feitiços para corrigir o problema encontrado.

    4) Cores:

    Os espíritos ciganos gostam de cores vivas e brilhantes. No ritual com espíritos ciganos, nunca é usada a cor preta: nem em roupas, nem em velas, fitas ou outro material qualquer.

    5) Altar:

    Quem trabalha com um espírito cigano, é devoto de um deles ou deseja sua proteção, pode armar em casa um pequeno espaço devocional: sobre um móvel, ou mesmo sobre uma prateleira, é colocada uma boneca cigana, imagem ou mesmo um quadro com a(o) cigana(o) de sua devoção que deve ser consagrado(a) através de um ritual especial.

    A pessoa coloca junto à imagem suas oferendas (velas, água, cristais, pote da prosperidade etc…) e, quando quer fazer um pedido ou feitiço, coloca aí o material do encantamento, antes de despachá-lo.

    Os ciganos costumam ter, nesse altar, as imagens dos santos de sua devoção, entre os quais é obrigatória Santa Sara Kali.

    Quando se fala da Linha de Trabalho dos Ciganos, em geral, ocorre um frenesi. De alguma forma, o modo de ser e viver do cigano quando encarnado, mexe com o mental das pessoas, as remete aos arquétipos de imagens livres, altaneiras, seguras e auto-suficientes.

    Porém, os ciganos são dedicados à família, a valorizam como pedra fundamental e toda razão de ser do Povo Cigano. Na espiritualidade, os ciganos cada vez mais abrem fronteiras e suas fileiras têm aumentado, onde se prestam voluntariamente a trabalhar na Linha do Oriente, em especial na cura, mas também como orientadores diretos, quando a vida dos encarnados está muito embaralhada.

    Os ciganos também são misteriosos no astral e os que se tornaram espíritos de luz tem grande conhecimento da Alta Magia e desmanche de todo tipo de trabalho, que é diferenciado do modo de atuar dos pretos velhos e caboclos da Umbanda, embora eles se aproximem para agir com a mesma finalidade de limpeza do ambiente, neutralização de toda e qualquer má intenção e enviar os espíritos ignorantes a seus lugares convenientes.

    Se os ciganos que nos acompanham na espiritualidade resolveram despertar-nos para sua existência, se fizerem visíveis à nossa alma, algo mágico ocorrerá, como mágicos eles são.

    De alguma forma passaremos a ser também ciganos de coração, pois o coração é a morada da alma e da emoção, e não sai da memória se um dia fomos, de fato, ciganos.

    Os Espíritos Ciganos agem no plano da saúde, do amor e do conhecimento, suportam princípios magísticos e têm um tratamento todo especial e diferenciado de outras correntes e falanges.

    Ao contrário do que se pensa, os ciganos reinam em suas correntes, preferencialmente dentro do plano da luz e positivo, não trabalhando à serviço do mal e trazendo uma contribuição inesgotável aos encarnados.

    Trabalham, preferencialmente, na Vibração de Direita, e aqueles que trabalham na Vibração da Esquerda não são os mesmos Espíritos de ex-Ciganos que se mantêm na Direita, ostentando a condição de Guardiões e Guardiãs.

    O que existem são os Exus Ciganos e as Moças Ciganas, que são verdadeiros guardiões a serviço da Lei nas trevas. Pombas-Gira Ciganas e Exus Ciganos trabalham e incorporam na vibração de esquerda, em rituais com os Guardiões de Esquerda.

    Encontramos no Plano Positivo falanges diversas chefiadas por Ciganos diversos, em planos de atuação diversos. Dentre os mais conhecidos, podemos citar os Ciganos Pablo, Wladimir, Ramires, Juan, Pedrovick, Artemio, Hiago, Igor, Vitor e tanto outros, e, da mesma forma, as Ciganas, como Esmeralda, Carmem, Salomé, Carmensita, Rosita, Madalena, Yasmin, Maria Dolores, Zaria, Sunakana, Sulamita, Wlavira, Liarin, Sarita e muitas outras também.

    A vinculação vibratória e de Axé dos Espíritos Ciganos tem relação estreita com as cores utilizadas no culto e também com os incensos. Os Espíritos Ciganos gostam muito de festas, e todas devem conter bastante fruta, todas que não levem espinhos de qualquer espécie, podendo-se encher uma jarra de vinho tinto com um pouco de mel.

    As saias das ciganas são sempre muito coloridas e o baralho, o espelho, o punhal, os dados, os cristais, a dança e a música, moedas e medalhas são sempre instrumentos magisticos de trabalho dos ciganos em geral.

    Os ciganos trabalham com seus encantamentos e magias e o fazem por força de seus próprios mistérios, olhando por dentro das pessoas e dos seus olhos.

    É muito comum usar-se em trabalhos ciganos moedas antigas, fitas de todas as cores, folha de sândalo, punhal, raiz de violeta, cristal, lenços coloridos, folha de tabaco, tacho de cobre, de alumínio, cestas de vime, pedras coloridas, areia de rio, vinho, perfumes e escolher datas certas em dias especiais sob a regência das diversas fases da Lua.

    As Consagrações Ciganas devem ter sempre comidas nos ritual próprio, isto é, no Ritual Cigano. As oferendas e os feitiços relacionados aos espíritos ciganos misturam o estilo da magia europeia com alguns elementos da magia de origem africana.

    Alguns Espíritos Ciganos

    As pessoas que trabalham com espíritos ciganos sabem descrever em detalhes as características de muitos deles. A lista a seguir é um resumo de informações encontradas em livros, se alguém encontrar alguma diferença entre esses dados e sua experiência pessoal, leve em conta que essas variações podem ocorrer quando se trata da manifestação de entidades do mundo espiritual.

    Note também que esta lista nem de longe esgota o total de espíritos ciganos, conhecidos por seus devotos.

    CARMENCITA: cabelos e olhos pretos; Cor: coral; Perfume: patchuli; Objetos: moedas, lua; Poder de magia: amor, união.

    ESMERALDA: cabelos louros, olhos verdes; Cor: verde-claro; Perfume: sândalo; Objetos: tiara com moedas, pedras verdes, signo-salomão; Poder de magia: dinheiro.

    IAGO: jovem, moreno; Cor: violeta; Perfume: violeta; Objetos: moedas, cristal lilás; Poder de magia: Cura.

    MADALENA: cabelos e olhos pretos; Cor: multicor, predominando cor-de-rosa; Perfume: alfazema; Objetos: moedas presas na roupa, pulseira com talismã; Poder de magia: amor, união.

    PABLO: cabelos e olhos pretos; Cor: vermelho; Perfume: Floral; Objetos: cordão com moeda, chapéu preto; Poder de magia: negócios.

    PALOMA: cabelos e olhos pretos; Cor: multicor, predominando amarelo; Perfume: verbena; Objetos: punhal, cristal vermelho; Poder de magia: proteção.

    RAMUR: cabelos e olhos pretos; Cor: vermelho; Perfume: floral; Objetos: ferradura, ferro; Poder de magia: proteção, segurança.

    SALAMANDRA: ruiva; Cor: vermelho; Perfume: flores do campo; Objeto: fogueira; Poder de magia: limpeza, cortar feitiço.

    SANDRO: cabelos e olhos pretos; Cor: verde; Perfume: benjoin; Objeto: punhal, moedas; Poder de magia: prosperidade.

    SULAMITA: cabelos e olhos pretos; Cor: azul e amarelo; Perfume: Verbena; Objetos: cristal, folhas de árvores frutíferas; Poder de magia: união, proteção.

    WLADIMIR: usa cavanhaque, jovem; Cor: azul-claro; Perfume: âmbar; Objetos: lenço no cabelo, argola na orelha, cordão com signo-salomão e sol; Poder de magia: união.

    ZAÍRA: cabelos e olhos pretos, casada; Cor: azul-claro; Perfume: Acácia; Objetos: jóias prateadas; Poder de magia: amor.

    Povo Cigano na Umbanda

    O Povo Cigano passou a conquistar níveis na espiritualidade dando abertura para o seu grupo trabalhar como linha de Umbanda há pouco mais de duas décadas.

    Eles vem para reavivar no ser a cultura de liberdade no sentido mais prático do termo, que está presente no caráter nômade de determinados povos.

    Aquele povo que tinha uma relação com a natureza, que é uma religião natural e que conhecemos como paganismo, na Umbanda foi convertido em um grupo ou falange de espíritos que trabalham em prol da caridade, humildade e fraternidade.

    Toda a forma de entender a vida, faz do atendimento com o Povo Cigano um bálsamo pra alma. O povo cigano traz a manifestação do livre arbítrio para dentro do terreiro.

    Antigamente, não se tinha gira de Ciganos, mas sim Ciganos incorporados em giras de esquerda, de boiadeiro, de baianos e etc. No entanto, graças a seriedade dos seus trabalhos, a simpatia que conquistaram junto aos frequentadores, aos seus profundos conhecimentos magísticos e orientações sábias, os Ciganos ganharam linha própria, na qual se apresentam seus clãs do astral, com sua hierarquia.

    A linha dos Ciganos traz em sua mensagem o ímpeto pelo desapego, pela liberdade, pelo amor e pela alegria de viver e não corresponde à um grau evolutivo, e sim à uma tendência de espíritos (de cultura nômade/arquétipo cigano) que se organizaram e ascenderam formando suas hierarquias.

    Existem ciganos de diversas etnias e esse conceito a linha também traz muito forte em sua manifestação. A liberdade de crença e a mística sincrética dos oráculos ciganos, tal como as cartas, a quiromancia, o oráculo de moedas, as runas e etc, são o maior símbolo dessa fusão de credos.

    Os ciganos na umbanda são figuras que se tornam mais importantes a cada dia, representam uma imagem fundamental e possuem seriedade diante do povo umbandista.

    No surgimento da Umbanda, os ciganos não pertenciam e não eram citados em nenhum momento, eles não faziam parte da constituição, mas hoje, o que vemos sobre ciganos na Umbanda é completamente diferente de antigamente, eles são referências por representarem importantes falanges nas giras umbandistas.

    Algumas características dos ciganos são determinantes em sua manifestação na umbanda, eles possuem um espírito livre e desapegado. Muitas vezes, a linha de cigano é confundida com a linha do oriente e por isso, é importante ressaltar que são linhas diferentes e que cada uma possui uma forma de manifestar-se.

    Suas falanges representam suas características e por isso, é comum ver em linhas de ciganos:

    • Espíritos que foram atraídos por afinidade com a magia cigana.
    • Possuem alguns elementos em suas vestes e alguns objetos como: baralho cigano, adagas, cristais, pedras, lenços entre outros.
    • São extremamente desapegados e não possuem vínculos.
    • Trabalham com diferentes orixás.
    • Veneram sua santa, a Santa Sara Kali.

    Dois orixás que sustentam os trabalhos dos ciganos na Umbanda são Ogum e Iansã, que são orixás do ar e do fogo e que se relacionam com o que os ciganos acreditam e trabalham.

    Os ciganos não possuem preconceitos com nacionalidades, eles são abertos ao conhecimento mutuo de diversas culturas, são expressamente livres em assuntos sociais, o que é muito positivo.

    Uma denominação poética aos ciganos é que são chamados de “filhos do vento”, por conta de sua mobilidade constante, a partir desse perfil que os ciganos na Umbanda são identificados.

    Os ciganos na Umbanda são guias espirituais e entendem e aceitam os rituais umbandistas como uma maneira de contribuir com a evolução, com a sabedoria, crescimento, motivação e alegria através dos cantos e danças.

  • Povo Cigano do Oriente

    Povo Cigano do Oriente

    Alguns ciganos fazem parte do povo do oriente e, apesar de não serem conhecidos do público mais voltado para o esoterismo de feição europeia, eles são queridos e venerados pelo povo da umbanda.

    Entre os encantados brasileiros, talvez os mais instigantes sejam os espíritos ciganos. São exus ciganos e pombagiras ciganas versados em magia. Essa filiação tem sua lógica: afinal, a pátria dos ciganos é o mundo inteiro, sua casa é a estrada, e eles também são chamados de Povo da Rua, assim como os exus e as pombagiras.

    A ligação do povo cigano com o oriente também tem lógica: dizem que os ciganos tiveram sua origem na Índia e, em sua vida nômade, percorreram diversos países orientais, de onde trouxeram sabedoria e magia.

    Ao longo do século XX, formou-se uma devoção aos espíritos ciganos independente de vínculos religiosos específicos. Entre estes, um espírito muito importante, mas pouco conhecido, é o Cigano do Oriente.

    Ainda hoje, a origem do povo cigano continua envolta em mistério, e com o povo cigano do oriente não é diferente. Um ponto significativo do povo cigano, tanto do oriente quanto de outras regiões, é a crença em um único Deus criador, Devel, o que os aproxima da história de povos semitas.

    Alguns especialistas acreditam que eles surgiram na Índia, já que o idioma falado pelos ciganos tem muitas semelhanças com várias línguas do subcontinente indiano, e a história deles é marcada por sofrimentos e provações.

    Os ciganos foram perseguidos pela Inquisição, o tribunal da Igreja Católica que julgava crimes contra a fé. Como conviviam tanto com mouros quanto com cristãos, os ciganos oscilavam do paganismo ao cristianismo, o que bastava para serem acusados de heresia.

    Séculos mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os alemães mataram cerca de 400 mil ciganos, vítimas da ideologia nazista que defendia uma raça supostamente pura, a ariana, na Europa.

    Hoje, calcula-se que existam de 2 a 5 milhões de ciganos no mundo, concentrados principalmente na Europa Central, em países como as Repúblicas Checa e Eslovaca, Hungria, Iugoslávia, Bulgária e Romênia.

    Os ciganos só chegaram à Europa no século XIV. Não se sabe se realmente os ciganos surgiram na Índia ou no atual Iraque, mas de um desses dois pontos eles rumaram para o Ocidente, chegando à Europa pela região da Armênia, por volta do século XIV.

    No século XVII, os ciganos já haviam se espalhado por todos os países da Europa e deles seguiram para colônias na América e na África. O documento mais antigo referente à presença dos ciganos no Brasil é de 1574.

    Caso eles possuam mesmo raízes no Oriente Médio, é provável que tenham surgido alguns milênios antes de Cristo. Mas, qualquer que seja o ponto de partida, sabe-se que eles se deslocaram do Oriente para o Ocidente até chegarem à Europa no fim do século XIV.

    O povo cigano passa seus conhecimentos de pais para filho, de boca a boca, e compartilha muito pouco dos seus segredos místicos com outras etnias.

    Isso acontece porque os ciganos eram preparados desde muito novos para trabalhar com a magia, e tinham medo de que seus conhecimentos caíssem em mãos erradas e pudessem ser utilizados para magia negra – como infelizmente acontece hoje em dia.

    Existiu um grupo de Ciganos do Oriente que evoluiu e atingiu um nível espiritual muito elevado e assim passou a ajudar a humanidade através do plano espiritual.

    A linha dos ciganos do Oriente trabalha principalmente em processos de curas emocionais e físicas. A linha do Oriente na Umbanda abriga muito mais do que apenas os ciganos, há entidades árabes, chinesas, japonesas, egípcias, gaulesas e muitas mais.

    Uma bem conhecida é a Cigana do Oriente, que é muito misteriosa. Alguns dizem que a Cigana do Oriente foi uma jovem e bela cigana que cuidava das pessoas, especialmente dos mais velhos.

    Outros afirmam que a Cigana do Oriente era uma senhora que sofreu muito por amor e por isso passou a trabalhar pelos amantes, unindo casais amorosos.

    A realidade é que não há uma única Cigana do Oriente, pois, ao contrário do que se pensa, não foi uma cigana só. Como dito anteriormente, existiu um grupo de Ciganos do Oriente que evoluiu e atingiu um nível espiritual muito elevado e assim passou a ajudar a humanidade através do plano espiritual, sendo a Cigana do Oriente um arquétipo de várias ciganas que tiveram uma encarnação de provas, porém de muita dedicação ao próximo.

    Quando um médium sugerir a você que faça uma oferenda à Cigana do Oriente, lembre-se que não se trata de uma entidade única, mas sim uma série de entidades personificadas sob o nome de Cigana do Oriente.

    Os segredos da Linha do Oriente são muitos, pois essas entidades são adeptas do ocultismo. As entidades da Linha do Oriente não atuam apenas nos terreiros de Umbanda e Candomblé, em todos os centros em que são aceitos e bem recebidos eles atuam.

    O que acontece é que raramente os médiuns responsáveis por fazer a comunicação entre o plano espiritual e físico têm conhecimento da própria habilidade para conversar com as entidades do Oriente.

    Por isso, é mais comum que as entidades ciganas do Oriente conversem com lideranças dos terreiros, de forma discreta, atuando como uma ajuda na tomada de decisões, como aconselhadoras através da sua previsão do futuro.

    A História do Povo Cigano

    A história do povo cigano é, ainda hoje, objeto de controvérsia. O termo em português “cigano” (assim como o espanhol “gitano“, e em inglês “gypsy“) é uma corruptela de egípcio, aplicado a esse povo pela crença errônea de que seriam provenientes do Egito.

    A origem do povo cigano foi objeto de todo tipo de fantasias. Porém, estudos genéticos corroboram a evidência linguística que situa a origem do povo cigano no subcontinente indiano.

    Desde a sua chegada a terras europeias, uma das faces da comunidade cigana que mais chamou a atenção dos demais povos era a sua estranha língua, muito diferente das faladas na Europa.

    Em 12 de agosto de 1427, chegaram à Paris, onde causaram grande fascinação pelo seu aspecto miserável e estranho, e o povo acudiu em massa para vê-los adivinhar o futuro.

    É importante assinalar também que os primeiros grupos de ciganos chegados a Europa ocidental fantasiavam acerca de suas origens, atribuindo-se uma procedência misteriosa e lendária, em parte como estratégia de proteção frente a uma população em que eram minoria, em parte como posta em cena de seus espetáculos e atividades.

    Segundo informações do Banco Mundial, na Europa há uma população entre 7 e 9 milhões de ciganos, dos que ao redor de 568 mil (2002) vivem na Romênia, ainda que percentualmente a presença maior do povo cigano é a da República da Macedônia, onde representa 11% da população.

    A história do povo cigano foi estudada sempre pelos chamados “não ciganos“, com frequência através de um cariz fortemente etnocentrista, mas não existe uma delimitação clara dentro da própria comunidade (nem fora) acerca de quem é cigano e quem não o é.

    No século XVIII, o estudo da língua romani, própria dos ciganos, confirmou que se tratava de uma língua indo-ariana, muito similar ao panjabi e ao hindi ocidental.

    É provável que os ciganos originaram-se de uma casta inferior do noroeste da Índia, que, por causas desconhecidas, foi obrigada a abandonar o país no primeiro milênio d.C.

    Uma antiga lenda balcânica os faz forjadores (ou ladrões) dos pregos da cruz de Cristo, motivo pelo qual teriam sido condenados a errar pelo mundo, se bem que não há qualquer evidência que situe os ciganos no Oriente Médio nessa época.

    O que é aceito pela maioria dos investigadores é que os ciganos poderiam ter abandonado a Índia em torno do ano 1000, e atravessado o que agora é o Afeganistão, Irã, Armênia e Turquia.

    Vários povos similares aos ciganos vivem hoje na Índia, aparentemente originários do estado desértico de Rajastão, e à sua vez, povoações ciganas reconhecidas como tais pelos próprios roma vivem, todavia, no Irã, com o nome de lúrios.

    No século XII, os ciganos enfrentaram o avanço dos muçulmanos, que tentaram impor sua religião na Índia, e lutaram contra os Sarracenos por muitos séculos, inclusive durante a Idade Média.

    Partindo de que os ciganos abandonaram o Subcontinente Indiano, e dali passariam pelo Irã, supõe-se que, mais tarde, tomariam duas rotas: a primeira, desde a Armênia até o Império Bizantino (o que explicaria a presença de vocabulário greco-bizantino na língua dos ciganos) e, a segunda, através da Síria e Oriente Médio e o Mediterrâneo (da que ficariam vestígios de vocabulário árabe).

    Em sua estadia nos Balcãs, a língua cigana absorveu o vocabulário germânico, mas a ausência desse resto linguístico nos ciganos espanhóis faz pensar que a migração dividiu-se em duas, antes desse assentamento centro-europeu.

    Em 1416, sabe-se da presença de ciganos na Romênia, Boêmia (República Checa) e em Lindau (Alemanha). Em 1471, o rei de Boêmia, Sigismundo II, concedeu-lhes um salvo-conduto e, entre 1418 e 1419, os ciganos já circulavam pela Suíça.

    Também em 1427, produziu-se uma das chegadas de ciganos melhor documentadas, conservada na obra “Temoignage d’un bourgeois de Paris“. Como e quando chegaram os ciganos à Península Ibérica é uma questão que está longe de se chegar a um consenso.

    O número de ciganos que entraram ou habitaram na Península no século XV é calculado próximo a 30 mil pessoas. Os ciganos viajavam em grupos variados, de 80 a 150 pessoas, lideradas por um homem.

    Cada grupo autônomo mantinha relações à distância com algum dos outros, existindo talvez relações de parentesco entre eles (algo comum nos nossos dias entre os ciganos ibéricos).

    A separação entre cada grupo era variada e, em algumas ocasiões, uns seguiam aos outros a curta distância e pelas mesmas rotas. A estratégia de sobrevivência mais comum era a de apresentar-se como peregrinos cristãos para buscar a proteção de um nobre.

    A forma de vida era nômade, e se dedicavam à adivinhação e ao espetáculo. O século XVI pode ser considerado como a idade de ouro dos ciganos na Europa.

    Quando teve lugar o descobrimento da América, em 1492, os ciganos já estavam espalhados por toda a Europa, onde apesar de uma boa acolhida inicial começaram a ser perseguidos, marginalizados, expulsos, severamente castigados, escravizados (como na Romênia, onde a escravidão cigana não foi abolida até 1864) ou simplesmente exterminados.

    O desencontro entre os ciganos e os não ciganos perduraria desde o século XVI até a atualidade. A partir do final do século XVI, sucederam-se em toda a Europa autorizações, leis e decretos contra o modo de vida dos ciganos.

    A tenacidade dos ciganos, as suas estratégias de ocultamento, de multi-ocupacionalidade (como a chama Teresa San Román), de semi-nomadismo ou itinerância circunscrita, de adaptação às circunstâncias instáveis da legislação, a capacidade para cruzar fronteiras ou para aliar-se em determinadas ocasiões com a população autóctone realizando trabalhos imprescindíveis, faz com que os ciganos de toda Europa resistam à assimilação e conservem as suas próprias características culturais mais ou menos intactos até a atualidade.

    A ida dos ciganos para a América correu paralelo à própria diáspora dos europeus. O incansável povo cigano empreendeu então uma nova migração.

    Sabe-se que Cristóvão Colombo, na sua terceira viagem, em 1498, introduziu os primeiros três ciganos que pisavam o Novo Mundo. É sabido também que a Inglaterra e a Escócia enviaram remessas de ciganos às suas colônias americanas da Virgínia, no século XVII e Luisiana.

    Os ciganos espanhóis só podiam viajar à América com permissão expressa do rei. Filipe I decretou, em 1570, uma proibição de entrada dos ciganos na América, e ordenou o regresso dos já enviados.

    É conhecido o caso de um ferreiro cigano (Jorge Leal) que conseguiu autorização para viajar à Cuba em 1602. Teria que esperar à autorização de 1783 para que os ciganos tivessem permissão de residência em qualquer parte do reino.

    Os ciganos emigraram à América Latina num número que, como sempre, segue sendo um mistério. Também em torno de 1860, registra-se a saída de ciganos britânicos (“romnichels“) e no início do século XX houve uma nova partida em massa de ciganos valáquios.

    A detenção do fluxo migratório no início do século XX não significou uma melhora das condições de vida dos ciganos. Na Baviera, foi elaborado, em 1905, um “Livro cigano“, com um censo inicial de 3 mil indivíduos que logo aumentaria com a colaboração de outros estados germânicos.

    O estado da Baviera autorizou o castigo a trabalhos forçados a todo cigano que não pudesse demonstrar ter um trabalho estável, e a República de Weimar estendeu essa medida para toda a Alemanha.

    Os censos de ciganos multiplicaram-se em toda a Europa (França, Inglaterra) e na Suíça, em 1926, começou o costume de sequestrar meninos ciganos para serem educados entre não ciganos, prática que só seria abandonada em 1973.

    O auge do nazismo e os excessos da Segunda Guerra Mundial fartaram-se com a crueldade com os ciganos. Depois de uns momentos de dúvida, nos que se esteve perto de classificar aos ciganos dentro da raça ariana, Himmler, um dos principais líderes do partido Nazi, ordenou a sua internação e, finalmente, a sua execução em massa.

    Só em Auschwitz-Birkenau morreram mais de vinte mil ciganos. O genocídio cigano é um fenômeno relativamente desconhecido, no que colaboraram com mais ou menos interesse (igual ao ocorrido no genocídio judeu) às populações autóctones.

    Na Europa central e do leste, sob regimes comunistas, os ciganos sofreram políticas de assimilação e restrições da liberdade cultural. Na antiga Checoslováquia, dezenas de milhares de ciganos da Eslováquia, Hungria e Romênia foram reassentados em regiões fronteiriças da Morávia, e foi proibido o estilo de vida nômade.

    As estimativas são de 200 a 280 mil ciganos desprezados do leste ao oeste europeu desde 1960 a 1997. Com a deterioração política da antiga Iugoslávia, 40 mil ciganos chegaram à Itália e outros 30 mil à Áustria.

    No Brasil, estima-se que existam entre 678 mil (estimativas do governo) e 1 milhão de ciganos.

  • Oração de Saudação à Natureza do Povo Cigano

    Oração de Saudação à Natureza do Povo Cigano

    A natureza é forte e tem papel crucial na nossa existência no plano terrestre, por isso, através de orações, o povo cigano costuma saudar e tomar a bênção da natureza.

    Assim, eles atraem a prosperidade e adquirem a força necessária para seguirem em frente, sempre com caminhos abertos, o que significa ter possibilidades, opções, oportunidades e livre arbítrio.

    Faça você também essa oração de saudação à natureza para se fortalecer e encontrar soluções e caminhos para a sua vida.

    Salve o Sol, a natureza, o orvalho da manhã! Salve Deus Todo Poderoso, que me dá a felicidade de tomar a bênção de toda a natureza. Salve o vento, a chuva, as nuvens, as estrelas e a lua!

    Salve as forças das águas, a terra, a areia e o solo fértil! Que belo seja seu remédio, o pão que parto à mesa seja multiplicado. O Universo me abraça e que os quatro elementos: Terra, Água, Fogo e Ar me deem as forças necessárias pra lutar.

    Meus caminhos sejam abertos, hoje e sempre, com toda a pureza dos elementais, dos anjos mensageiros de Deus e da nossa Rainha Santa Sara Kali.

    Optchá!