Categoria: Maria Padilha

  • Maria Padilha é de Esquerda ou Direita?

    Maria Padilha é de Esquerda ou Direita?

    Maria Padilha ocupa uma posição simbólica da mulher na religião afro-brasileira e é como uma amostra da ascensão social feminina, que ocupa um lugar de sacralidade através desse simbolismo.

    Maria Padilha é um ícone muito presente tanto dentro quanto fora do ambiente religioso das matrizes africanas, sem distinguir se ela é boa ou má, pois, ao mesmo tempo em que ela é mencionada como gentil e amorosa, a entidade é vista como vingativa e perigosa.

    “Abre a roda
    Oi deixa Maria Padilha dançar
    Mas ela tem dois amores ao seu lado,
    Um é seu marido e outro é seu namorado,
    Mas cuidado moço, eu vou te falar qual é
    Ela é mulher de Tranca Ruas e amante do Seu Zé
    Mas ela linda,
    é linda, ela é linda demais, Maria Padilha, ela é mulher de satanás
    Não mexa com ela, ela não mexe com ninguém
    Ela é ponta de agulha e quando mexe, mexe bem
    Não mexa com ela, ela não mexe com ninguém
    Ela é ponta de agulha e quando mexe, mexe bem.”

    Maria Padilha possui vários elementos simbólicos: a rosa, o cigarro e a bebida são três deles, mas ela também está ligada à outros elementos estrangeiros.

    Seu nome remonta às feiticeiras dos séculos XVI e XVII e ressalta de estudos multidisciplinares e específicos sobre pombas giras, além de ter sido também o nome da mulher nascida em 1334 que passou de amante a rainha, influenciou o rei Dom Pedro I de Castela (1334-1369) nas mais importantes decisões, além de determinar o modo como governaria e auxiliar na negociação de seu casamento com Branca de Bourbon, visando uma aliança com a França.

    Maria Padilha de Castela, quando contou sua história, disse que depois dela outras Padilhas viriam para fazer parte da sua quadrilha, e ela só voltou pouquíssimas vezes, pois, segundo ela, não mais chegaria a Terra por sua missão presente estar cumprida, mas, que por castigo de Jesus e por mando do Rei das Encruzilhadas, ainda permaneceria na Terra e confins, comandando a sua quadrilha de mulheres e exus para todos os tipos de trabalhos.

    Assim, Maria Padilha (entidade) não representa necessariamente um vínculo direto com a rainha de Castela, Maria Padilha, o que significa dizer que a rainha de Castela e a Pomba Gira estão ligadas assimetricamente, na medida em que a pomba gira se arvora sobre a figura da Rainha (enquanto arquétipo) e da Deusa funcionando como uma transliteração d’Ela para a realidade sociocultural brasileira.

    Valendo ressaltar que Maria Padilha de Castela não possuiu uma relação com o culto às pombas giras (incluso por questões temporais que as dividiam).

    As pombas giras da falange de Maria Padilha, assim como o que ocorre com o complementar masculino (Exú), possuem diversas nomenclaturas entre si, diferenciando-se em certa medida umas das outras.

    Maria Padilha das Almas e Maria Padilha das Sete Encruzilhadas são as mais famosas, todavia, todas as subdiferenciações do nome são parte da integralidade.

    Maria Padilha interpretada por Manuel de Exu

    “Naquela bela noite de luar, deslumbrei sua dança
    Com sua saia a rodar, eu me aproximei
    E lhe perguntei o que ela fazia na estrada
    Ela respondeu: Moço eu sou Rainha, vim lhe ajudar
    Sou Maria Padilha
    Ela respondeu: Moço eu sou Rainha, vim lhe ajudar
    Sou Maria Padilha”

    Ponto Cantado Abre Essa Cova

    “Abre essa cova
    Quero ver tremer
    Abre essa cova quero ver balancear
    Maria Padilha das Almas
    O cemitério é o seu lugar
    É na Calunga que a Padilha mora
    É na Calunga que a Padilha vai girar”

    Mas, afinal, Maria Padilha é de Esquerda ou Direita?

    Maria Padilha está ligada diretamente ao Mistério e a Linha da Esquerda, que é uma representação simbólica do próprio homem.

    Maria Padilha, como entidade cultuada nas religiões de matriz africana, é o que há de mais humano no Sagrado e mais sagrado no Humano, pois a mulher Rainha e Marginal se condensam na figura dessa pomba gira e trazem para o íntimo das comunidades um contato que é ancestral e inerente ao sujeito com o Sagrado Feminino.

    Maria Padilha é uma figura ambígua que representa a individualidade subjetiva e a liberdade feminina e perfaz um percurso simbólico que sustenta a ascensão política, cultural e social da mulher no Brasil.

    Trecho de Mensagem Passada por Maria Padilha Rainha das 7 Encruzilhadas

    (…) Sim, meus amigos! Exu é um ponto de luz nas trevas! E quantas trevas eles ainda tem que combater Isso sem falar nas trevas da ignorância que existem em muitas mentes humanas que sem conhecerem, alegam que por nós fazermos parte da esquerda somos maus.

    Somos à esquerda, sim! Isso sem sombra de dúvida. Porém esse fato não nos torna menores e nem piores.

    Quando me refiro à esquerda quero que fique bem claro que essa polaridade é a contrapartida da direita. Só para dar um exemplo:

    O que seria do polo positivo sem o negativo no campo da eletricidade? Sabe o que aconteceria? Não existiria corrente elétrica para gerar energia, meus filhos!

    Portanto, Exu e Pombagira são à esquerda no trabalho da direita. (…)

    Maria Padilha é Bonita, é Mulher e Sagrou-se Como a Única Esposa de Dom Pedro I de Castela

    Tornando-se a legítima rainha e exercendo seu poder e influência mesmo depois de morta, Maria Padilha viveu uma história na qual a tornou talvez a mais popular pomba gira, sendo considerada espírito de uma mulher muito bonita, branca, sedutora, e que em vida teria sido prostituta grã-fina ou influente cortesã.

    Maria Padilha e toda sua quadrilha surgiram à partir da história da amante do rei de Castela que construiu uma trajetória de aventuras e feitiçaria de Montalvan a Beja, de Beja a Angola, de Angola a Recife e de Recife para os terreiros de São Paulo e de todo o Brasil, fazendo de Maria Padilha o espírito da amante do rei de Castela que se manifesta nos terreiros de umbanda e candomblé.

    Maria Padilha pode te ajudar de diversas maneiras. Ela possui diversas características que podem lhe favorecer e você pode começar cultuando-a através de um altar.

    Não é necessário incorporação para isso e nem para que você faça oferendas para ela. Basta saudá-la, fazer suas orações, cantar pra ela, invocá-la e a amante de Dom Pedro I de Castela iniciará os trabalhos no mundo espiritual para te ajudar.

    Com sua história de vida, Maria Padilha tornou-se uma das principais entidades da esquerda na Umbanda e no Candomblé, uma Exu Mulher e pomba gira de grande força e de muita procura pelos consulentes.

    Para agradá-la, Maria Padilha gosta das cores vermelha e preta, de um bom champanhe, de cigarros ou cigarrilhas e de rosas vermelhas.

    Maria Padilha, quando incorpora, é rápida e, quando chega, dá a sua gargalhada e dança, mas não se preocupe com isso, porque você não precisará incorporá-la para fazer pedidos à ela.

    Maria Padilha também gosta de farofa com dendê, que chamamos de padê (esta farofa é uma mistura de champanhe, dendê e farinha de rosca branca), brincos, pulseiras, colares e velas e pode ser saudada dizendo-se “Salve Senhora Pomba Gira” ou ainda “Pombo Gira é Mojubá”.

    Maria Padilha é a moça do fogo e das almas, guarda nossas vidas, ilumina nossos caminhos a percorrer e é uma preciosa guardiã que aparece sempre que pedimos algo à ela.

    A Rainha Maria Padilha de Castela aportou no Brasil e se estabeleceu como entidade da Linha de Esquerda, onde seus companheiros principais são os Exús e Seu Zé Pelintra, que trabalham na Quimbanda, tida frequentemente como magia negativa.

    É vista como uma senhora de uma feminilidade demoníaca, vulgar e sexualmente indomável, porém é chefe de terreiro e sua figura articula uma dualidade que forja em nós tanto a celebração da liberdade erótica como também o seu estereótipo, o que pode nos ajudar dentro de várias situações.

    Maria Padilha tem o espelho como uma das suas ferramentas de magia e foi julgada por ser versada em magia (o que pode significar muita coisa, às vezes não mais que saber usar as potências das ervas), mas ainda sim vem clamar, gargalhando e gingando, pra todo mundo ver sua liberdade.

    Maria Padilha vem fazer justiça e abriu a porteira para uma falange de Moças (outro nome que Elas gostam): Rosa Vermelha, Rosa Caveira, Maria Navalha, Sete Saias, Maria Molambo, Maria Quitéria… e muitas mais.

    Maria Padilha, Rainha de Castela está enterrada na Capela dos Reis, cuja visitação é proibida e está apagada ou reduzida a amante assassina na própria cidade onde viveu, mas ela está muito viva através da sua alegria, da sua história e da sua alcunha de Pomba Gira da Umbanda.

    Observação: Esquerda e direita são conceitos relacionados às culturas de terreiro e religiões afrolatinas. Uma vez que estas não são essencialmente maniqueístas, o polo “negativo”, ou “de esquerda”, não é considerado pejorativamente algo maligno. Nessas culturas e religiões, a “linha da esquerda” é guardada pelos domínios de entidades encantadas conhecidas como Exus e Bombogiras ou, Pombagiras. As entidades da esquerda suscitam o paradoxo e a vitalidade. Na encruzilhada – o local sagrado para a “esquerda” – habita a metaestabilidade e a equalização da ordem da vida através do movimento. Os cultos às entidades que regem a “linha da esquerda” são ligados à matéria, à vida e à proteção, por isso saudamos esses encantados como guardiãs e guardiões.

    Maria Padilha traz consigo o dom do encantamento de amor é muito procurada pelas pessoas que sofrem de paixões não correspondidas.

    Maria Padilha é protetora das prostitutas, gosta do luxo e do sexo, adora a lua, mas odeia o sol, suas roupas são, geralmente, vermelhas e pretas, igualmente seus colares e sua coroa, suas cantigas são muito alegres e cheias de magia e segredos.

    Maria Padilha é como aquela pessoa alegre que passa pelas ruas recolhendo toda a “sujeira”, então é bem deixar de encará-la como uma mulher vulgar e da vida, que só vêm “para arranjar casamento” ou o que é pior, para desfazer casamentos…, pois é uma entidade séria.

    Maria Padilha é considerada a qualidade feminina de Exu e faz parte do panteão de entidades que trabalham na “esquerda”, isto é, que podem ser invocadas para “trabalhar para o bem ou para o mal”, em contraste com aquelas entidades da “direita”, que só seriam invocadas em nome do “bem”.

    Como entidade dotada de identidade própria, não é o mesmo culto dado a um orixá, mas é cultuada como um ser do mundo astral, guerreira e inteligente demais, que realiza diversos trabalhos e está sempre pronta a ajudar as pessoas a vencerem vários obstáculos da vida, a conseguir a felicidade no amor, vencer problemas de saúde de desarmonia conjugal e está muito próxima da nossa esfera humana.

    Maria Padilha deve ser levada muito à sério e jamais desrespeitada, pois ser atendido(a) por Maria Padilha está mais na fé e no respeito por ela do que nas oferendas, cultos, simpatias, magias, feitiços, orações e altares feitos à ela.

    Maria Padilha livra nossos caminhos de todos os males materiais e espirituais, pois clareia nossos caminhos, por isso é bom sempre possuir orações de Maria Padilha.

    Quem não gosta de Pomba-Gira
    Tem, tem que se arrebentar
    Ela é bonita,
    Ela é formosa,
    Ó bela vem trabalhar.
    De garfo na mão
    Lá vem mulher bonita
    Bonita e muito formosa
    Lá vem Pomba-Gira
    Lá vem Maria Padilha.

    A Esquerda das Religiões Afro Brasileiras

    O lado da esquerda pega pro bem e pega pro mal, sendo constituído pelos exus e pelas pombas giras, aos quais são apelados para os serviços de contra-magia da esquerda.

    Para muitos, eles são vistos como perigosos e maus, são os representantes em potencial da esquerda, podem até matar alguém porque eles são da ‘esquerda’.

    Então, se você precisa de uma coisa urgente, você tem que pedir é pra exu, porque exu faz tudo rápido e também, porque eles conhecem muito bem tanto o lado da ‘direita’ quanto o lado da ‘esquerda’.

    Maria Padilha é a pomba gira que remonta à antiguidade, passando pelas feiticeiras dos séculos XVI e XVII até o Brasil Colonial.

    Tudo varia muito de terreiro para terreiro quando Maria Padilha é a pomba gira principal da casa e cabe à ela revelar suas características para a comunidade do terreiro prepará-la para atender aos seus desejos.

    Maria Padilha acredita que as prostitutas de hoje em dia são diferentes das pombas giras, porque hoje se vendem por muito pouco, não se valorizam, não se respeitam.

    Afinal, Maria Padilha carrega a história de uma antiga cortesã, amante de homens ricos, detentora de muito poder e muitas joias.

    Maria Padilha é a “chefe” das pombas giras de alguns terreiros e, neste caso, por ser a mais velha de todas, comanda as outras, elas devem obediência a ela.

    Maria Padilha é uma entidade que exige muita disposição do médium, já que é muito requisitada para ser incorporada.

    Quando incorporada com Maria Padilha, a médium transforma-se. Maria Padilha transparece um ar de “realeza”, fala em linguajar extremamente rebuscado e é fina também nos gestos.

    A(o) médium incorpora Maria Padilha também em horários fora das giras, prestando consulta às pessoas que a procuram para resolver problemas em rituais particulares, o que pode acontecer várias vezes por dia.

    Às vezes, me tomam como conselheira, eu conselheira? Eu que aprontei tanto! (…) E fazer as coisas valer, pra que aconteça tudo de bom pras pessoas que vêm em busca de ajuda. Não sou milagrosa, quem faz essas coisas são os beiçudos (termo pelo qual as pombagiras se referem aos preto-velhos), mas no meu alcance, o que eu posso fazer, eu faço. (…) Porque estamos aqui pra ajudar, pra fazer as coisas serem, vamos dizer assim, resolvidas da maneira que as pessoas pedem (Maria Padilha).

    Maria Padilha relatou que quando viveu na Terra tudo foi muito difícil e, por isso, escolheu a vida em que “vamos dizer assim, dava amor a quem precisava”.

    Damos ouro pra quem pede, amor pra quem está sozinho, tanto o homem como a mulher… procuram-me por muitas finalidades, uns para negócio, outros, pro lado amoroso e com isso eu gosto muito de ajudar (Maria Padilha).

    Maria Padilha, que fala muito (também escuta muito e tem longas conversas com as pessoas que lhe pedem ajuda), direciona a outras possibilidades de compreender as pombas giras que não se restrinjam à prostituição.

    Mulher, há milhares de anos atrás, milhares, milhares, milhares… sofremos muito também. Milhares de tempo atrás sofremos muito, porque todos eles falam aqueles palavreados, e as outras agora que estão seguindo a mesma trilha… mas pra isso, vamos dizer, tivemos muito, trabalhamos muito… essas de agora, vamos dizer, nem pra puta servem, porque não é de acordo, não. Nós cobrávamos ouro, ouro que eu falo não é dinheiro não, não, eles nos davam joias, joias maravilhosas, vestes das melhores… tínhamos regalias, comíamos, bebíamos e fumávamos a noite toda, tínhamos os homens que custeavam, quando eu falo homens, não falo de homem de carne e osso não, são os Exus, os de agora. Porque antigamente eram homens, vamos dizer, homens da Terra como vocês, agora são só, vamos dizer, homens do tempo que viviam com nós, agora estão também aptos para ajudar. Discriminam muito essas éguas dessas casas, elas me procuram pra ajudar, pra levar homens lá. Todas que vieram me procurar, hoje estão muito bem, queriam homens no cajuá delas, porque elas precisam de lucrar… eu não posso fazer nada, não posso brigar com elas, porque também já fiz o mesmo papel que elas. Hoje, estou sossegada (Maria Padilha).

    Maria Padilha, como diz, não julga porque em sua vida fez a mesma coisa, mas se diferencia. Maria Padilha não vem para dar falsas ilusões, mas para falar a verdade.

    Quando dá para dar errado é porque não é… e eu logo me boto a falar, eu já descarto na hora. Por quê? Porque sei que vai sofrer, mulher, depois vão me procurar novamente pra tirar do caminho, aí vamos fazer dois errados, por que não fazer um certo? (…) Hoje eu sei que não adianta insistir em um caso que eu sei que não vai dar em nada. Quando não dá em nada, não adianta insistir. Muitas pessoas vêm na Terra para dar só um passo e não dão… Esses não adianta insistir. Como muitos que vieram falar comigo, eu disse, pra você não tem… fique sossegado e quieto porque esse não adianta. Porque sei que em alguns lugares que procuram, o enrolam e eu não gosto de enrolar ninguém, é mais certo para depois mais tarde não dizerem que menti, eu não vivo de mentira. Falo ou isso ou isso ou isso e é verdade, porque se é mentira, digo que não, mas quando é pra ser, vai ser (Maria Padilha).

    Maria Padilha também chama a atenção a dizer que não pode fazer o que quer, porque há quem mande:

    Venho pouco na Terra, venho apenas quando tenho permissão. Quando tenho permissão, venho e faço o meu dever, não deixo nada pra trás. (…) falamos o que queremos, mas no lugar certo, como aqui não, aqui eu tenho que me conter. Porque tem o beiçudo que cuida deste lado. Então, não posso falar mais do que é permitido, como faço no meu lugar de costume… (Maria Padilha)

    Maria Padilha tem uma alta posição na hierarquia das pombas giras. Quando incorpora, sua postura é altiva, a voz é forte, grave, pausada, e o linguajar tende a ser mais rebuscado do que o da médium que a incorpora.

    Maria Padilha diferencia-se das prostitutas por não se darem ao valor, como ela, que conquista o que quer, assim Maria Padilha marca seu amadurecimento como mulher.

    Maria Padilha é também belíssima, mas, muitas vezes, não transparece o porte de “realeza” e acrescenta sobre o prestígio que lhe foi conquistado:

    O trabalho que eu faço, é … Tanto faz aqui como em qualquer outro terreiro, tanto faz ser eu propriamente ou qualquer outra da Maria Padilha, é, só faz um trabalho de limpeza, de energização, de desmanchar o que foi feito, e resolver os problemas assim. Ao contrário do que todos acham, que pombagira resolve só problema amoroso… Sou quem sou, porque gosto de fazer as coisas bem-feitas. Meu nome é reconhecido em muitos e muitos lugares. Se não for pra fazer bem-feito, então eu não faço. Eu não faço nada. Eu passo para outra pessoa. Então, acho que vós consegue fazer bem-feito. (Maria Padilha)

    Sobre a relação com sua médium, Maria Padilha acrescenta:

    Agora? Agora é boa, ah, já briguei muito, ou faz o que quero ou não está certo. Eu enxergo o que está certo, o que é melhor, onde pisar para cair menos. Então eu posso dizer, eu posso orientar, se não faz, cai. Se escolhi, não quero que caia, então quero que faça como eu quero, assim… Não interfiro na vida pessoal, mostro, mostro o que tem que fazer. E quando cai, aí demora mais para levantar. Tem que levantar, tem que retornar e começar tudo outra vez. É mais longo, não é? Por isso posso demonstrar. Respondi?

    Maria Padilha evidencia ainda que não trata apenas de problemas amorosos, assim como outras pombas giras também relatam.

    Maria Padilha é uma grande cortesã, é como se fosse a Maria construída a partir do cristianismo, só que recalcada e provinda de um eco que reverbera desde o século XIII, por meio de uma mulher homônima, que teria sido amante de um Rei de Castela.

    Maria Padilha figurava entre as transcrições de feitiços entoados por feiticeiras e arquivados nos processos inquisitoriais.

    Maria Padilha era invocada em inúmeros registros de feiticeiras que eram enviadas ao Brasil colonial como forma de punição nos tempos da Inquisição e considerada um espírito poderoso e sem dúvida maligno, pois que associado, nas rezas, ao nome dos maus do Novo Testamento e até mesmo ao próprio Satanás.

    Maria Padilha diz que não é como as prostitutas de hoje, pois viveu “há muitas luas”, o que podemos encarar como uma temporalidade, uma voz do passado, uma ascendência longínqua, mas Maria Padilha, antes de qualquer coisa, ela se diz “mulher”.

    “(…) mulheres bonitas como nós não existem, nós somos as únicas, por isso é que passamos um pouco de nossa sabedoria para as mulheres da Terra de agora. (…)” (Maria Padilha).

    Maria Padilha, ao simbolizar o poder de encantamento, foi associada ao feitiço: Oras, não haveria outra explicação para seduzir um rei – a ponto de fazê-lo deixar sua esposa logo após o casamento – a não ser pela ordem do demoníaco, do feitiço.

    Peste (criança) com nós, não dá certo…peste que eu digo, são os pivetes, estes não…então costumamos lidar só com as pessoas adultas e ciente do que elas querem (Maria Padilha)

    Maria Padilha, no Brasil, parece permanecer uma representação fortemente ancorada no imaginário social – a da mulher sexualmente ativa e dominadora, da qual a mítica Lilith é o protótipo.

    Maria Padilha reivindica uma associação com uma outra “imagem” de prostituta, revelando um ideal que, na verdade, evoca mais uma posição de poder, de fascínio, de beleza e conhecimento, do que a própria categoria “prostituta”.

    Maria Padilha, que diz não gostar de “peste” (criança), cotidianamente também atende a mães que a procuram para aliviar as angústias da criação de seus filhos.

    Mas Maria Padilha diz que enquanto a mãe é quem pede ajuda para o filho, nada muda, é necessário que ele a procure.

    As Entidades de Esquerda

    As entidades de “esquerda”, como os exus, as pombas giras e os exus-mirins, estão ligadas às “trevas”, às energias telúricas, relativas ao que é mais próximo do carnal e da ordem do maléfico, mas falar das entidades desta linha é apenas como falar de duas faces de uma mesma moeda, “viramos” a face do “mesmo” e encontramos outros contornos, que, como a noite e o dia, o claro e o escuro, complementam-se.

    As entidades de esquerda têm características em comum. Os rituais de umbanda em geral começam com a incorporação das divindades de direita e, em seguida, apagam-se as luzes para serem recebidas as divindades de esquerda.

    Mas, como sempre, no entanto, o formato dos rituais é variável de acordo com o terreiro e muitas vezes, os rituais de esquerda e direita acontecem em dias separados.

    Baianos e boiadeiros, dependendo do terreiro também podem ser classificados como divindades de “centro” ou “intermediárias”, ou seja, entre esquerda e direita, assim como os ciganos e marinheiros.

    Uma característica que se repete é que as entidades de esquerda funcionam na base da troca, ou seja, o fiel que faz um pedido à entidade costuma dar pagamentos ou agradecimentos por seus serviços, que podem ser bebidas alcoólicas (pinga, uísque, cerveja…), tabaco (cigarros, charutos…), carnes vermelhas, suas vestes típicas (capas vermelhas ou pretas, calças..) e tudo o mais que a criatividade dessa classe de espírito ousar.

    Teoricamente, as entidades de direita ajudam sem exigir nada em troca, já as de esquerda, funcionam a partir desta lógica.

    Não é a todo o momento que as pombas giras são requisitadas, recorre-se primeiro à direita para qualquer sorte de pedido, pois, a esquerda, dizem, é muito exigente e sempre espera algo em troca.

    Os rituais de esquerda de alguns centros costumam ser mais “fechados” ao grande público, por isso alguns não abrem suas portas tão facilmente.

    A esquerda umbandista em geral deve manter seus rituais mais “fechados” do que outras divindades, e vale também para suas médiuns, que não costumam expor que trabalham com pombas giras dependendo do ouvinte.

    A esquerda costuma ser trabalhada pelo menos duas vezes por semana, após as giras de direita encerrarem e a maioria ir embora.

    Só os médiuns podem participar desses rituais de esquerda. A insistência em negar a “maldade” da pomba gira é sintoma do medo de maledicências e é isso que faz com que os rituais de “esquerda” sejam muitas vezes “fechados” ou desconhecidos do grande público.

    Talvez, justamente por operar no nível do dizer sensível, que não é dogmático, que permite diversos usos e possibilidades, a umbanda, e principalmente a esquerda abra espaço para a má compreensão, do maldito, constrói-se o que é maldito.

    Nos centros, a “porta fechada” em dia de esquerda é uma tônica que se repete. Em nenhum deles a esquerda deixa de ser cultuada, mas é camuflada à primeira vista até que se ateste que há confiança no olhar do espectador.

    No ritual voltado à esquerda, o terreiro parece se transformar. A preferência das pombas giras, em alguns terreiros, é o frango assado com farofa e estas comidas nunca podem ser feitas com alho (regra para todas as entidades de esquerda), mas o incrível é que estão sempre muito bem temperadas e saborosíssimas.

    A presença do preto-velho é atuada pela mãe-de-santo ou pai-de-santo, que raramente incorpora pomba gira, mas fica atenta a todas as consultas durante os rituais de esquerda.

    Certamente há diferenças entre um preto-velho ou uma preta-velha, mas não imagino que sejam tão explícitas como em exus e pombas giras, de maneira que parece haver na “esquerda” uma implicação mais acentuada na diferenciação do gênero do que em outras entidades do panteão, o que também parece estar atribuído a uma presença forte da sexualidade e do apelo ao corpo em ambas as entidades.

    Os espíritos de crianças da esquerda (exus-mirins) vêm tentando ocupar mais espaço no panteão umbandista, mas nem todos costumam aceitá-los na gira, temem a sua periculosidade e a dificuldade de “doutriná-los”.

    Quando se trata de uma gira de esquerda, o centro é enfeitado com toalhas de cetim vermelho e renda preta.

    O Exu é o primeiro a incorporar quando é trabalhada a linha de esquerda. As pessoas veem a parte da esquerda um pouco distorcida do que é, mas não tem sentido trabalhar umbanda sem trabalhar com a esquerda, um é elo do outro.

    Da mesma forma, médiuns e entidades dizem que assim como é necessário para o bom desenvolvimento de um centro de umbanda trabalhar a esquerda e a direita em equilíbrio, também é importante equilibrar as forças de exu e pomba gira: masculino e feminino.

    As entidades de Esquerda – que são geralmente associadas ao demônio pelo cristianismo – trazem prosperidade, abertura de caminhos, sorte nas relações amorosas, conhecimentos e proteções diversas às(aos) suas (seus) médiuns.

    Maria Padilha pode não ser a mais forte, mas é sim a mais conhecida pomba gira, capaz de abrir caminhos e elevar o poder de atração no amor entre duas pessoas, e que emerge como uma força regente das regiões caóticas do cosmos, também cognominadas de planos umbralinos ou infernais, locais astrais não punitivos, mas tampouco de paz e descanso eterno.

    Livro Recomendado:

  • Maria Padilha é de Deus?

    Maria Padilha é de Deus?

    Maria Padilha é bonita, é mulher e sagrou-se como a única esposa de Dom Pedro I de Castela, tornando-se a legítima rainha e exercendo seu poder e influência mesmo depois de morta.

    Maria Padilha parece lembrar a história de muitas mulheres que já foram amantes e expansivas e, hoje, ela é o espírito da amante do rei de Castela que se manifesta nos terreiros de umbanda e candomblé e a feiticeira das pombas giras.

    Maria Padilha também é a pomba gira mais procurada nos terreiros e sua origem e história dizem que ela teria nascido no ano de 1334, em Palencia, na Espanha.

    O nome de Maria Padilha foi eternizado em brasão posteriormente a sua morte e, através dessa pequena introdução, é possível perceber que ela não era uma mulher qualquer.

    Maria Padilha teria deixado um feitiço de amor feito com um espelho, através do qual o Rei se olhou e, enfeitiçado, se rendeu à paixão da jovem moça, um caso realmente de amor, no qual fez com que o Rei fosse perseguido por opositores em seu Reinado, mas ainda assim assumindo seu casamento até então clandestino com Maria Padilha.

    Maria Padilha é apegada à matéria e ao seu grande amor e é chefe de falange na linha de Exu, atuando como Exu-Mulher lado a lado de Exus homens, comandando os feitiços e consolando aqueles que perderam um grande amor.

    Maria Padilha fala sobre o nome de Deus assim como qualquer outra entidade, o Deus que é o criador, trabalhando 24 horas para o mundo, para Deus, para ajudar o nosso semelhante.

    Não só Maria Padilha como toda a sua falange e outras entidades, como Maria Mulambo. Maria Padilha trabalha para abertura de caminhos no amor, é a Senhora das 7 Encruzilhadas, conhecida por trazer a pessoa amada de volta, é a pomba gira entidade do candomblé e da umbanda representada por uma mulher sensual e independente.

    Maria Padilha nos traz amores puros e verdadeiros, nos deixa irresistível aos olhos do nosso amor, está sempre presente na vida amorosa das pessoas.

    O Colo de Deus – Canalização de Maria Padilha

    Mensagem de Maria Padilha

    Não olhe para mim como uma mulher sensual, que ri e se diverte bebendo champanhe. Não olhe para mim como uma mulher de muitos homens que favorece seus caprichos e esconde sua verdadeira intenção.

    Não olhe para mim como uma cúmplice de seus desequilíbrios e testemunha de sua ignorância quando atentas contra a Lei Maior.

    Não olhe para mim pensando que eu venho a pular de alegria com o seu ego, quando eu venho é para trabalhar.

    Não olhe para mim como uma mulher de palavras ruins, quando sua boca é dominada por emoções que não sabes enfrentar.

    Não me veja como um espírito feminino que gosta de se vestir de mil cores, porque eu não me importo com aparências, sou o que sou.

    Não confunda o seu entusiasmo em querer chamar a atenção com a minha personalidade. Não olhe para mim à procura de pretextos para atrair alguém que lhe interessa, não estou para brincadeiras sexuais travestidos de suposta sensualidade.

    Não olhe para mim com a cara de fome, oferecendo sacrifícios de animais em troca de favores efêmeros e infantis.

    Não bebo sangue, o animal não me interessa, não sou das trevas, sou da luz trabalhando para Deus na escuridão…

    Não olhe para mim pensando que sua loucura e descontrole ao incorporar é a minha suposta manifestação.

    Aprenda que é você o responsável por obter e manter suas emoções ocultas no dia-a-dia. Não olhe para mim supondo que eu vim para mostrar minha beleza.

    Eu não sou uma boneca de pano para a qual você pode vestir como quiser. Eu vim para trabalhar, não para competir contra estupidez.

    Não olhe para mim como um produto que você vende para os iludidos, procurando tirar dinheiro de seus caprichos, desespero e desequilíbrios.

    Eu sou um instrumento divino, que não tem valor monetário. Faço caridade, não negócios. Não olhe para mim como uma ex-prostituta, ou uma mulher de má fé.

    Sou um ser que trabalha nas trevas, a favor de Deus, pois assim ele desejou, não pelo que eu fui. Não olhe para uma Pomba-gira supondo ser uma mulher de Exu, e que tem um filho que se chama Exu Mirim.

    Somos mistérios separados trabalhando pelo bem da humanidade. Não olhe para uma Pomba-gira como um espírito que depende de sangue, de bebida, anéis, braceletes, vestidos, maquiagem, perfume, sapatos, etc., etc.…

    Não sou marionete de teu ego, nem de tua mediocridade. Não vim para adornar seu corpo, como se você fosse um manequim.

    Estou aqui para demonstrar a simplicidade e determinação do Criador em suas ações. Não olhe para uma Pomba-gira como uma degustação de milagres baratos que se pagam com lágrimas e gritos de animais sangrado entre falsos centros e falsos espíritos…

    O melhor milagre é que despertes do sonho do carnaval profano que chamam de gira ou sessão, e se volte para a realidade onde a Lei Maior e a Justiça Divina trabalham a favor da humanidade.

    Pomba-gira é um instrumento de Deus, um mistério que executa as ações da Justiça Divina. Pomba-gira não é o escândalo que se veem nas manifestações de alguns médiuns ególatras mergulhados na ilusão.

    Pomba-gira vai além da aparência. Estende-se à vontade do ser humano, à vontade do Criador, no estimulo da evolução, da expansão de consciência, da maturidade mental e emocional…

    Pomba-gira transita pelas trevas lutando contra seres que perturbam a Luz. Pomba-gira merece respeito, por isso venho hoje passar essa mensagem.

    Para que pares, reflitas e olhe ao seu redor e pergunte: O que você faz com a sua Fé? Um circo de ignorância ou uma demonstração de respeito pela religião?

    Pomba-gira Maria Padilha

    Esta é a minha escola, essa é a minha fonte.
    Foi daqui que eu vim.
    Da verdade e da luz.

    Recebido espiritualmente por J.U.
    Retirado do site Umbanda Sagrada e traduzido por Peterson Danda.

    Livro Recomendado:

  • Maria Padilha é Cigana?

    Maria Padilha é Cigana?

    Maria Padilha é a moça mais famosa no Brasil que comanda as legiões de pombas giras e seu nome original é espanhol, Maria del Padilha, de origem incerta, espanhola cigana quem sabe, mas que conquistou em idos do século XIV o coração de um príncipe, causando horror por sua ousadia e magias, e morrendo aos 27 anos, possivelmente vítima da peste bubônica.

    Esta mesma Maria Padilha aparece na obra ‘Carmem’, de Prosper Merimée, datada do século XIX e que inspirou a ópera famosa de outro francês, George Bizet, fazendo referência à célebre entidade quando narra que a cigana Carmem orava e pedia ao espírito da então cigana Maria del Padilha proteção e ajuda para resolução de problemas.

    Maria Padilha é antiga no continente europeu, tendo chegado ao Brasil por meio de imigrantes ibéricos que, a exemplo dos portugueses, acreditavam em magia, feitiços e bruxas.

    É comum o nome de pombas giras estarem aliadas à magia e ao estilo de vida ciganos ainda que não pertençam a nenhuma etnia cigana, por isso muitas entidades recebem a alcunha de “Cigana”, porque quando encarnadas muito se aproximaram do estilo de vida cigano e se dedicaram aos aspectos da paranormalidade própria da cultura cigana, no entanto não há evidências históricas que comprovem ou denotem que Maria Padilha era cigana, apesar de seu nome poder ser de origem cigana.

    Na verdade, o que se sabe, é que Maria Padilha foi bonita, foi mulher e sagrou-se como a única esposa de Dom Pedro I de Castela, tornando-se a legítima rainha e exercendo seu poder e influência mesmo depois de morta e sua história a levou a se tornar, talvez, a mais popular pomba gira, considerada espírito de uma mulher muito bonita, branca, sedutora, e que em vida teria sido prostituta grã-fina ou influente cortesã.

    Maria Padilha e toda sua quadrilha construíram uma trajetória de aventuras e feitiçaria de Montalvan a Beja, de Beja a Angola, de Angola a Recife e de Recife para os terreiros de São Paulo e de todo o Brasil e, hoje, resumidamente, Maria Padilha é o espírito da amante do rei de Castela que se manifesta nos terreiros de umbanda e candomblé e pode não ser cigana, mas é a Rainha dos Ciganos ao lado de Santa Sara Kali, e está dentro do imaginário cigano e brasileiro ao longo do tempo.

    Ou seja, de qualquer maneira, Maria Padilha é uma entidade espiritual para os ciganos e uma figura muito importante dentro da umbanda brasileira, onde também é chamada de Rainha de Todas as Giras.

    Maria Padilha era apenas um nome nas fórmulas mágicas das feiticeiras da Europa, mas, no Brasil, com o passar do tempo, foi-se criando o ambiente certo para que ela se mostrasse em toda a sua glória, veio com as bruxas e os adivinhos condenados ao degredo pela Inquisição, o que incluiu-se muitas mulheres portuguesas e ciganas, e logo se tornou um dos nomes mais chamados nas rezas e feitiçarias brasileiras.

    Assim, Maria Padilha tornou-se a feiticeira das pombas giras e a pomba gira mais procurada nos terreiros, cuja origem e história contam que ela teria nascido no ano de 1334, em Palencia, na Espanha, e seu nome foi eternizado em brasão posteriormente a sua morte, em outras palavras, não era uma mulher qualquer, e dizem que ela teria deixado um feitiço de amor feito com um espelho, através do qual o Rei se olhou e, enfeitiçado, se rendeu à paixão da jovem moça, tornando o caso da pomba gira Maria Padilha realmente um caso de amor.

    Por causa de Maria Padilha, o Rei foi perseguido por opositores em seu Reinado, mas assumiu seu casamento, até então clandestino, com Maria Padilha que, apegada à matéria e ao seu grande amor, tornou-se chefe de falange na linha de Exu, atuando como Exu-Mulher lado a lado de Exus homens, comandando os feitiços, consolando aqueles que perderam um grande amor e vindo para festejar.

    Maria Padilha de Castela, como também é chamada, foi coroada, no século XIV, Rainha de Castela – reino da atual Espanha, e aportou aqui, no Brasil, manifestada pelo transe da dança no corpo de uma mulher negra e dizendo seu nome em alto e bom som.

    Dessa forma, Maria Padilha seguiu caminho para se estabelecer como entidade da Linha de Esquerda, onde seus companheiros principais são os Exús e Seu Zé Pelintra, que vão trabalhar na Quimbanda, tida frequentemente como magia negativa.

    A partir disso, Maria Padilha passou a ser vista como uma senhora de uma feminilidade demoníaca, vulgar e sexualmente indomável, porém é chefe de terreiro e sua figura articula uma dualidade que forja em nós tanto a celebração da liberdade erótica como também o seu estereótipo, o que não deixa de nos beneficiar.

    Maria Padilha tem o espelho como uma das suas ferramentas de magia e estamos falando de uma mulher que foi julgada por ser versada em magia (o que pode significar muita coisa, às vezes não mais que saber usar as potências das ervas) e impedida de se casar com o homem que amava, mas mesmo assim cruzou o oceano trazida no escapulário de mulheres que foram expulsas de sua terra por manifestar seu credo e suas práticas ancestrais, e se manifestou no corpo de uma mulher negra, em transe, na rua.

    Maria Padilha tem uma marca registrada, que é sua sonora gargalhada e ela sempre vem clamar, gargalhando e gingando, pra todo mundo ver.

    Maria Padilha vem fazer justiça e abriu a porteira para uma falange de Moças (outro nome que Elas gostam): Rosa Vermelha, Rosa Caveira, Maria Navalha, Sete Saias, Maria Molambo, Maria Quitéria… e muitas mais.

    Como disse, Maria Padilha, Rainha de Castela, era versada em magia e está enterrada na Capela dos Reis, cuja visitação é proibida.

    Está apagada e reduzida a amante assassina na sua própria cidade onde viveu, porém mesmo falecida, vive com muita alegria ainda na magia, mas agora dentro da Umbanda.

    Maria Padilha: Rainha da Espanha e Pomba Gira no Brasil

    Maria Padilha é conhecida, em Sevilha e na Espanha, por ter sido amante de D. Pedro I e reconhecida postumamente como sua legítima esposa, tornando-se a protagonista de uma das mais de 150 óperas ambientadas em Sevilha.

    Maria Padilha se tornou uma figura muito popular entre o público em geral por ter protagonizado uma história de amor desaprovada na sua época.

    Pessoas de classes mais populares se simpatizavam e se encarregavam de alimentar a lenda de Maria Padilha e Dom Pedro I, tornando-os protagonistas durante os séculos posteriores de romances, peças de teatro, lendas e óperas.

    Já no Brasil e no estudo das religiões brasileiras de origem africana, Maria Padilha é encontrada na Umbanda e na Quimbanda.

    Na Umbanda, passou a ser cultuada com uma mistura de diferentes aspectos religiosos e espirituais, como Santeria Católica, espiritualismo, misticismo, esoterismo e religiões tribais do Congo e de Angola.

    Maria Padilha passou assim de esposa-amante do rei à “padroeira” das feiticeiras, um espírito poderoso, mau e infernal, suscitando paixão e devoção, uma rainha castelhana que com o tempo se transformou na mais venerada “deusa” do amor no Brasil.

    Onde é sempre representada como uma mulher bela, exuberante, provocante, vestida de vermelho, com traços ciganos, possivelmente devido à herança de Carmen de Mérimée, vista como uma rainha cigana, inspirada por sua vez na Maria de Padilla de Pedro I.

    Mérimée imaginou Padilla como uma cigana e nela inspirou sua Carmen, já que a visão da Espanha do século XIX se resumia naquela visão exótica de um país pobre, de touros, ciganos e da estética oriental, herança de seu passado muçulmano, visão compartilhada pelos viajantes do século XIX de passagem pela Espanha.

    Maria Padilha se tornou uma figura, entre outras invocações demoníacas, num conjuro destinado a favorecer amores, pronunciado por uma feiticeira portuguesa degredada em Recife, Pernambuco, após passagem por Angola, em 1718.

    Maria Padilha se trata de uma representação feminina cujo nome é associado ao Exu dos terreiros dos cultos afro-brasileiros, aquele espaço dinamizado por uma força, o “axé”, onde se cultuam os orixás que ali “baixam” e se apoderam da cabeça de seus “filhos”, os quais dançam para eles.

    É como que um estereótipo que encarna a perigosa e enfeitiçadora sedução feminina e por isso mesmo
    demonizada, sedução e feitiço que continuam a encarnar as pombas giras e sua mais elevada representação, a rainha de todos, a perigosa e sempre invocada Maria Padilha.

    E confirmou-se, graças a um livro recente da historiadora Maria Elena Ortega, que também trabalhou com autos da Inquisição espanhola, a presença do conjuro de Maria Padilha, para efeitos “amatórios” tanto entre feiticeiras ciganas como feiticeiras “cristianas viejas” de Espanha.

    A Rainha das Pombas Giras é também a única a possuir um nome próprio, e esse nome é Maria Padilha.

    “Me deixe tão atrativa quanto você, Maria Padilha, mostre-me sua força. Me dê o poder de dominar e não ser dominada e me deixe tão atrativa quanto você, Maria Padilha”, reza uma oração à entidade.

    Livro Recomendado:

  • Maria Padilha é de Qual Orixá?

    Maria Padilha é de Qual Orixá?

    Maria Padilha é a consorte de Exu, que é o mensageiro dos Orixás no Candomblé, e se manifesta em situações caóticas, transmitindo significados como altivez, sedução, sensualidade, vaidade, luxo e liberdade de expressão.

    Maria Padilha é um espírito que, na Santeria, funciona como representante da feminilidade no sentido sensual e, para ela, podem ser feitas orações que servem para realizar diversos pedidos, especialmente relacionados com o amor.

    Maria Padilha é invocada principalmente para atrair um ente querido, especialmente se ocorreu uma briga.

    O orixá que comanda Maria Padilha depende muito de qual falangeira desta entidade se trata. Sabe-se que Maria Padilha trabalha com os Exus da Linha das Almas, e é uma das grandes associadas do Exu Tranca Ruas das Almas.

    Maria Padilha é uma das principais entidades da umbanda e do candomblé, repleta de amor, oferece ajuda para concretizar relacionamentos para pessoas que sofrem de paixões não recíprocas e, além de ajudar a trazer a pessoa amada de volta, auxilia mulheres que estão sofrendo com problemas de fertilidade, traz segurança para a vida daquelas que a procuram e faz com que feitiços ou trabalhos que tenham sido feitos para prejudicar sejam desfeitos.

    Maria Padilha é forte e apegada à matéria e ao seu grande amor, é chefe de falange na linha de Exu, atuando como Exu-Mulher lado a lado de Exus homens, e tem sua própria data comemorativa, que ficou conhecida como Dia da Pomba-Gira Soberana Maria Padilha, criada em 31 de maio de 2010 – no Município de Porto Alegre – e celebrada no dia 9 de março.

    Maria Padilha gosta de ganhar oferendas, as mais utilizadas são cigarros, champanhe, rosas vermelhas, perfumes, anéis e gargantilhas, batons, pentes e espelhos, e gosta que todos os pedidos direcionados à ela sejam feitos com fé no que pode alcançar e agradecendo ao final.

    Maria Padilha, talvez a mais popular pomba gira, é considerada espírito de uma mulher muito bonita, branca, sedutora, e que em vida teria sido prostituta grã-fina ou influente cortesã, no entanto ela foi coroada, no século XIV, Rainha de Castela – reino da atual Espanha, local onde nasceu com o nome de Maria de Padilla.

    Maria Padilha teve um caso de amor muito forte com D. Pedro I, indo além do esperado por muitos que acompanhavam o reinado naquela época, pois ela fez um feitiço para que o Rei prendesse Dona Blanca, sua então esposa, e finalmente assumisse seu casamento com ela, o que foi visto na época como algo clandestino.

    Maria Padilha é bonita, é mulher e sagrou-se como a única esposa de Dom Pedro I de Castela, tornando-se a legítima rainha e exercendo seu poder e influência mesmo depois de morta e. nessa sua história de amante do rei de Castela, acabou construindo uma trajetória de aventuras e feitiçaria até mesmo após sua morte, uma fama que foi de Montalvan a Beja, de Beja a Angola, de Angola a Recife e de Recife para os terreiros de São Paulo e de todo o Brasil.

    Maria Padilha é o espírito da amante do rei de Castela que se manifesta nos terreiros de umbanda e candomblé e também é conhecida por dama da madrugada, rainha da encruzilhada e senhora da magia.

    Principais Falangeiras de Maria Padilha e Seus Orixás

    • Maria Padilha do Cruzeiro das Almas – Linha de Omolu-Obaluaê/Iansã
    • Maria Padilha da Encruzilhada – Linha de Ogum
    • Maria Padilha do Cemitério – Linha de Omolu-Obaluaê
    • Maria Padilha da Calunga – Linha de Oxum/Iemanjá
    • Maria Padilha das Sete Catacumbas / Sete Tumbas – Linha de Omolu-Obaluaê
    • Maria Padilha da Navalha – Linha de Oxum
    • Maria Padilha das Sete Saias – Linha de Oxum

    Maria Padilha causa muita repercussão e alguns episódios de intolerância religiosa, mas também é uma pomba gira muito apreciada e poderosa dentro da Umbanda e do Candomblé.

    Conheceu o luxo e a agonia. Tinha a sua sedução, mas mesmo assim foi abandonada. Fazia bruxaria e era vingativa, mas também foi mãe e agora é uma pomba gira muito feiticeira, a feiticeira das pombas giras, que adora vestir preto e vermelho e recebe seus pedidos e oferendas nos cruzeiros de chão, como em cemitérios.

    É sábia como um coruja e adora dançar e traz consigo o dom do encantamento de amor, por isso é muito procurada pelas pessoas que sofrem de paixões não correspondidas.

    Maria Padilha é protetora das prostitutas, gosta do luxo e do sexo, adora a lua, mas odeia o sol, suas roupas são, geralmente, vermelhas e pretas, igualmente seus colares e sua coroa, e suas cantigas são muito alegres e cheias de magia e segredos.

    Maria Padilha é como aquela pessoa alegre que passa pelas ruas recolhendo toda a “sujeira”, então é bom deixar de encará-la como uma mulher vulgar e da vida, que só vêm “para arranjar casamento” ou o que é pior, para desfazer casamentos…

    Maria Padilha é séria, é considerada a qualidade feminina de Exu, faz parte do panteão de entidades que trabalham na “esquerda”, isto é, que podem ser invocadas para “trabalhar para o bem ou para o mal”, em contraste com aquelas entidades da “direita”, que só seriam invocadas em nome do “bem” e, como entidade dotada de identidade própria, não é o mesmo culto dado a um orixá, mas é cultuada como um ser do mundo astral, guerreira e inteligente demais, que realiza diversos trabalhos e está sempre pronta a ajudar as pessoas a vencerem vários obstáculos da vida, a conseguir a felicidade no amor, vencer problemas de saúde, de desarmonia conjugal e está muito próxima da nossa esfera humana.

    Maria Padilha deve ser levada muito à sério e jamais desrespeitada, pois só precisa da sua fé e do seu respeito para fazer seus caminhos se libertarem de todos os males materiais e espirituais e clareá-los.

    Devemos dedicar mais respeito ao trabalho de Maria Padilha, pois é uma das mais conhecidas falanges de pombas giras, ligada ao Orixá Exú e aos Orixás da Comunicação e Proteção, sendo também uma maneira de conhecer e honrar as matrizes culturais e espirituais africanas.

    Se todos soubessem os benefícios e proteção que Maria Padilha é capaz de realizar, as pessoas seriam mais próximas desta fantástica pomba gira e seu arquétipo, que é pura beleza, emana muito charme e passa confiança à todos os que procuram por ela.

    Maria Padilha é vista na forma de uma linda mulher de estatura mediano-alta, magra, de cabelos e olhos negros, cabelos longos e lisos, com roupas muito curtas e sensuais, tem um caráter marcante, bem mais forte e autoritária que as outras entidades que trabalham regularmente com ela e é uma entidade que concretiza todos os desejos vindos do amor com orações, principalmente relacionados à pessoa amada e à quebra de feitiços.

    É a pomba gira mais procurada em terreiros e uma importante figura das religiões de origem africana, representada pela imagem de uma feiticeira que marcou a história e tem características únicas como, por exemplo, a capacidade de trazer um amor de volta, assumindo vários nomes, como Maria Padilha das 7 Encruzilhadas, Maria Padilha do Cabaré, Maria Padilha da Estrada, Maria Padilha das Almas e Maria Padilha Cigana, e escolhendo seu parceiro para realizar determinados trabalhos juntos.

    Maria Padilha é procurada para realizar feitiços, dar orientação e conselhos sobre amor e é conhecida por adorar presentes bonitos e sedutores, como cidra e rosas vermelhas, afinal ela é o símbolo da sedução, feitiço e amor.

    Maria Padilha não é um orixá, não tem filhos, mas é capaz de fazer muito na vida de uma pessoa, como agir nas causas relacionadas ao amor, relacionamento e sexo, trabalhando para afastar rival, entre outros.

    Maria Padilha tem várias orações e não era ou é uma mulher qualquer, é ela quem comanda os feitiços e consola aqueles que perderam um grande amor.

    Livro Recomendado: