O Espírito de Maria Padilha

O Espírito de Maria Padilha

Maria Padilha, talvez a mais popular pomba gira, é considerada o espírito de uma mulher muito bonita, branca, sedutora, e que em vida teria sido prostituta grã-fina ou influente cortesã.

Não há comprovação de que Maria Padilha seja o espírito da amante do rei de Castela, que se manifesta nos terreiros de umbanda e candomblé, mas a maioria das pessoas fazem essa associação.

De qualquer forma, Maria Padilha passou de esposa-amante do rei a “padroeira” das feiticeiras, um espírito poderoso, mau e infernal, suscitando paixão e devoção.

De uma forma geral, Maria Padilha é o espírito de uma mulher com uma biografia mítica, que teve sua história de amor, dor e desventura.

Trata-se de um espírito que trabalha fazendo amarrações e atua muito no campo do amor, principalmente à favor das mulheres que a evocam.

Só que Maria Padilha não faz só isso no plano espiritual. Ela também é uma entidade que atua em outras áreas específicas, envolvendo material mais denso de sofrimento, angústia e muitos outros sentimentos que são, em quase sua totalidade, ligados a encarnados e desencarnados que não aceitam seu estado de espírito.

Ela dedica-se a amparar, esclarecer e encaminhar esses espíritos em seu caminho de continuidade e evolução, um trabalho que não costuma ser de resultados rápidos e tranquilos, pois muitos estão em áreas conturbadas bem como possuem pensamentos e associações com outros espíritos.

Maria Padilha ajuda espíritos que se encontram perdidos quanto ao seu estado, ou seja, espíritos que não têm consciência ou não querem ter quanto ao seu desencarne, fazendo com que o espírito tenha a percepção de sua condição, esclarecendo-o.

Maria Padilha é um espírito de grande benevolência, sabedoria e dedicação ao trabalho que realiza, com total amor ao próximo.

No entanto, Maria Padilha também é um espírito ligado à luxúria e aos prazeres desse mundo, sua função é ajudar aquele e aquelas que lhe pedem proteção.

Segundo alguns sacerdotes, Maria Padilha é o espírito de uma mulher que em vida foi prostituta ou ligada aos prazeres carnais, mas isto não quer dizer que todas as Marias Padilhas tenham sido prostitutas ou mulher da vida.

Sim, há muitas Marias Padilhas: as que trabalham no cemitério, nas ruas, nas encruzilhadas, não existe apenas uma Maria Padilha, existe uma falange de espíritos que atuam na linha de Maria Padilha.

Quando incorporada em um médium, ela é risonha e dá gargalhadas estridentes para afastar o mal e amedrontar os espíritos obsessores, que buscam vingança.

O que anuncia a manifestação, o que abre a porta para a chegada de Maria Padilha, é sua sonora gargalhada.

A visão que se tem de Maria Padilha é na forma de uma linda mulher de estatura mediano-alta, magra, de cabelos e olhos negros, cabelos longos e lisos, com roupas muito curtas e sensuais.

Maria Padilha é vista como uma senhora de uma feminilidade demoníaca, vulgar e sexualmente indomável.

No estudo das religiões brasileiras de origem africana, encontramos a Maria Padilha na Umbanda, na Quimbanda e no Candomblé.

Maria Padilha se estabeleceu como entidade da Linha de Esquerda, onde seus companheiros principais são os Exús e Seu Zé Pelintra.

Maria Padilha é chefe de terreiro e sua figura articula uma dualidade que forja em nós tanto a celebração da liberdade erótica como também o seu estereótipo.

Aliás, ela é muito procurada nos terreiros de Umbanda para as questões amorosas, para amores mal resolvidos, pois, como já foi dito anteriormente, ela é considerada o espírito de uma mulher que em vida teria sido uma prostituta ou cortesã, mulher de baixos princípios morais, capaz de dominar os homens por suas proezas sexuais, amante do luxo, do dinheiro e de toda sorte de prazeres.

Nas práticas da quimbanda, ela está diretamente associada à magia e seus rituais com os espíritos Exus e Pombagiras.

No Candomblé, Maria Padilha é a consorte de Exu, que é o mensageiro dos Orixás. Maria Padilha, rainha castelhana que com o tempo se transformou na mais venerada “deusa” do amor no Brasil, abriu a porteira para uma falange de Moças (outro nome que Elas gostam): Rosa Vermelha, Rosa Caveira, Maria Navalha, Sete Saias, Maria Molambo, Maria Quitéria… e muitas mais.

Atualmente, Maria Padilha está enterrada na Capela dos Reis, cuja visitação é proibida.

Sua história está praticamente apagada na cidade onde viveu, mas é ressuscitada no Brasil.

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