A origem do povo cigano, apesar de já ser muito estudada e documentada com fatos…
O Barco (Conto Cigano)
O Barco é um conto cigano sobre uma moça cigana e uma lenda envolvendo feiticeiras e um pouco de gratidão. Confira!
Certa vez, uma moça cigana observou que todas as pessoas, quando comiam ovos, costumavam quebrar as cascas, e perguntou o motivo deste comportamento e recebeu a seguinte resposta:
– Você deve quebrar a casca em pedacinhos por temor de que as feiticeiras façam com ela um barco, minha querida. Por sobre os mares distantes de casa, tarde da noite, as bruxas rondam.
Então – disse a moça: não vejo porque as pobres feiticeiras não possam ter seus barcos como todas as outras pessoas.
E, dizendo isso, atirou a casca do ovo que comia bem longe, enquanto gritava:
– Feiticeira, tome seu bote!
E qual não foi sua surpresa quando viu a casca sendo como que arrebatada pelo vento, indo para bem longe, até tornar-se invisível, enquanto uma voz gritava:
– Obrigada!
Algum tempo depois, a cigana estava numa ilha onde permaneceu alguns dias. Quando quis voltar, percebeu que a maré subira, arrastando seu barco para longe.
A água continuou a subir, subir, até que ficou fora da água apenas uma pontinha da ilha, exatamente onde a moça se encontrava, e ela pensou que iria morrer.
Nesse mesmo instante, viu que um barquinho branco vinha em sua direção; sentada dentro dele estava uma mulher com olhos de feiticeira; remava com uma vassoura e um gato preto estava sentado em seu ombro.
– Pule para dentro! – gritou para a cigana, levando-a de volta para terra firme.
Quando já estava na praia, a mulher disse:
– Dê três voltas completas para a direita e, cada vez que completar uma delas, olhe para o barco.
Ela obedeceu, fazendo exatamente o que a mulher mandara e, cada vez que olhava para o barco, ele ficava cada vez menor, até ficar do tamanho de um ovo. Nesse instante, a mulher falou:
– Esta é a casca que você mandou pra mim. Até mesmo uma feiticeira sabe ser grata.
Quando terminou de falar, ela desapareceu no ar junto com o gato, a vassoura e tudo mais. E assim termina a história…
Adaptação de Augusto Pessôa