Santa Sara Kali é a padroeira dos roma (ciganos) e é considerada uma santa regional, que é invocada por pessoas desesperadas, ofendidas e desamparadas.
Alguns autores, como Dan Brown, por exemplo, baseando-se em outras obras, como Holy Blood, Holy Grail, e até mesmo O Código Da Vinci, sugerem que Sara seria, na verdade, filha de Jesus Cristo e Maria Madalena.
As lendas a identificam como a serva de uma das três mulheres de nome Maria que estavam presentes à crucificação de Jesus.
Algumas falam que ela seria serva e parteira auxiliar de Maria, e que Jesus, por esta tê-lo trazido ao mundo, teria uma alta estima por ela.
Seu centro de culto é a cidade de Saintes-Maries-de-la-Mer, na França, onde ela teria chegado junto com Maria Jacobina, irmã de Maria, mãe de Jesus, Maria Salomé, mãe dos apóstolos Tiago e João, Maria Madalena, Marta, Lázaro e Maxíminio.
Para os gnósticos, essênios e nazoreanos, ela era na verdade filha de Jesus e Maria Madalena, disfarçada de serva para esconder sua verdadeira identidade.
Alguns autores mais recentes, que aproveitam o sucesso do bestseller O Código Da Vinci e a ideia que identifica o Santo Graal com o Sangue Real dos herdeiros do Salvador e sua esposa redimida, sugerem que Santa Sara, a menina egípcia que acompanhou os familiares e discípulos de Jesus Cristo na embarcação rumo às terras francesas, era, na verdade, a filha do divino casal da Galileia.
Este é o caso do livro A Mulher com o Vaso de Alabastro: Maria Madalena e o Santo Graal, escrito por Margaret Starbird e publicado em 1993, contendo a ideia de que Santa Sara é a filha de Jesus e Madalena, e que este fato seria a autêntica fonte da lenda associada com a mística de Saintes-Maries-de-la-Mer.
Nos dias atuais, para o bem da retomada do equilíbrio de gêneros na religiosidade cristã e a revisão da importância da sexualidade para uma espiritualidade conciliadora do humano com o divino, Santa Sara converteu-se em um instrumento de oposição aos velhos padrões autoritários e de rigidez hierárquica, onde o masculino impera à força e às cegas sobre o feminino por puro medo de perder seu poder e de ser tragado pela sensualidade que secretamente deseja.
E para o esoterismo gnóstico, Santa Sara representa o fruto maravilhoso deste casamento divino que acontece no interior de cada discípulo que celebra o Hierosgamos, que recebe o Sacramento da Câmara Nupcial, e que opera com o Grande Arcano ensinado pelo Gnosticismo nos dias atuais.
Para refletir: Santa Sara é negra e isso pode indicar que Jesus e Maria Madalena eram também escuros. Essa possibilidade de Santa Sara ser filha de Jesus Cristo e Maria Madalena é contada pelas antigas lendas francesas relacionadas à descendência de ambos.
Nos últimos anos, as teorias sobre os frutos da união matrimonial celebrada entre Jesus e sua principal discípula vêm ganhando cada vez mais força no imaginário popular graças à publicação de novos romances históricos baseados nas ideias que acabaram sendo popularizadas pelo escritor Dan Brown.
A tradição local afirma que a cidade de Saintes-Maries-de-la-Mer foi o porto onde os familiares e discípulos de Jesus desembarcaram de sua fuga pelo Mediterrâneo.
No barco, estavam as chamadas Três Marias, Maria Madalena, Maria Salomé e Maria de Cleofas, as três mulheres que primeiro testemunharam a tumba vazia de Jesus, e cujas relíquias são o foco de devoção de peregrinos.
Assim que Jesus foi crucificado, as Três Marias e sua comitiva teriam partido da cidade egípcia de Alexandria acompanhadas de seu tio, José de Arimateia, levando consigo o “Santo Graal” e esse sangue sagrado era, na verdade, Sara, a filha de Jesus e Maria Madalena.
A adição do “h” no nome de Sara, ficando Sarah, talvez pode servir para indicar obliquamente raízes semíticas e sugerir sua identidade secreta como filha de Jesus.
Santa Sara também é conhecida como Santa Sara del Mar e Sara la Negra. Em ensaios de pseudo-história, como O Enigma Sagrado, ela também é considerada, sem provas, como a suposta filha de Maria Madalena e Jesus de Nazaré.
O que coloca essa hipótese em dúvida são as lendas alternativas. Uma delas diz que Santa Sara era filha do chefe de uma tribo cigana e conhecia os segredos da magia de seu povo, então pagão.
Aliás, uma das razões pelas quais a Igreja Católica não aceita Santa Sara Kali no livro dos santos é por associar sua devoção à cultura pagã.
De acordo com a biografia de Sara, que diz que ela era filha de Jesus, Maria Madalena estava no terceiro mês de gestação na época da crucificação de Jesus.
Pra quem não crê que Jesus e Maria Madalena tiveram um relacionamento porque isso não foi mencionado na Bíblia, podemos lembrar da famosa passagem que descreve as Bodas de Caná, que foi interpretada como a união do próprio Jesus com Madalena.
Talvez um argumento definitivo seja o fato de que, no Novo Testamento, em seis das sete menções das mulheres que acompanhavam Jesus, Madalena aparece primeiro, ainda antes de Maria, a mãe de Cristo.
Esta nova visão da vida de Jesus deve ter penetrado profundamente no sul da França depois de saber que Madalena havia se mudado para lá, acompanhada de sua família.
Várias tradições medievais, obviamente heréticas, afirmam que, após a morte de Jesus na cruz, Maria Madalena e José de Arimatéia fugiram para o Egito para se estabelecer na cidade de Alexandria.
Em todas as outras lendas ou histórias de Santa Sara, não se sabe quem são seus pais, mas vários teólogos encarregados de seu estudo afirmam que a santa é filha de operários ciganos do Egito.
Talvez isto contribua para que a ideia dela ser a filha perdida de Jesus de Nazaré e Maria Madalena se estabeleça cada vez mais.
Alguns historiadores associam a presença de Sara como a filha perdida de Maria Madalena com Jesus, em parte, graças ao seu nome de etimologia hebraica.
A tradição cristã diz que Sara não era realmente filha de Jesus e que sua tarefa era ajudar os exilados da Palestina que buscavam refúgio naquela área, em Saintes-Maries-de-la-Mer, mas aqueles que defendem a teoria de que Sara era filha de Jesus e Maria Madalena argumentam que a verdadeira identidade da menina devia ser protegida a todo custo; e que não era de se admirar que ela tivesse sido passada como uma serva, a fim de protegê-la de seus inimigos.
Historicamente, nenhum culto a Sara, a hipotética filha de Jesus, é reconhecido, pelo menos antes de 1800. Os que defendem a figura de Sara como filha de Jesus, sustentam que os ciganos procuravam mascarar sua adoração e que a adoravam na forma de uma mulher negra, cuja estátua era carregada em liteiras até as margens do mar.
A possibilidade de que Jesus tivesse se casado com Maria Madalena e que a partir dessa união teria nascido uma menina ganhou grande força na Idade Média; especialmente no sul da França, mais precisamente na região de Aix en Provence, onde a tradição assegura que Marta e Lázaro de Betânia chegaram do exílio com uma grávida, Maria Madalena.
Outras lendas afirmam que Sara não nasceu na França, mas chegou às costas da Grã-Bretanha com José de Arimatéia (e o Santo Graal) e uma corte de seguidores de Cristo que fugiram da Palestina, entre eles, María Salomé, María de Cleofás (tia de Jesus), Maximino, Marcela, Celandine, Trófimo de Arles e alguns outros.
A ideia de que Jesus se casou com Maria Madalena e que juntos eles geraram Sara está fortemente instalada nas lendas locais.