Maria Padilha, assim como as bruxas e os adivinhos, foi condenada ao banimento da sociedade pela Inquisição, pois eram considerados desviantes segundo o sistema jurídico da Igreja Católica Romana, e, até hoje, sofre por intolerância religiosa.
Então, podemos concluir que sim, Maria Padilha foi e é uma bruxa. E não só isso como outros fatos fazem dela uma bruxa.
Quando surgiu ou começou a se tornar mais conhecida, Maria Padilha era apenas um nome nas fórmulas mágicas das feiticeiras da Europa, porém, com o tempo, a poderosa Maria Padilha logo se tornou um dos nomes mais chamados nas rezas e feitiçarias brasileiras, justamente por ter sido uma bruxa em vida.
Maria Padilha é considerada o espírito de uma mulher bonita, cuja encarnação rendeu-lhe a alcunha de a única esposa de Dom Pedro I de Castela, tornando-se a legítima rainha e exercendo seu poder e influência mesmo depois de morta, mas ela não conseguiu tudo isso sem feitiçaria.
Maria Padilha, talvez a mais popular pomba gira, ainda sofre preconceitos, pois para muitos, ela é o espírito de uma mulher muito bonita, branca, sedutora, porém que em vida teria sido prostituta grã-fina ou influente cortesã, o que está longe de ser a verdadeira história de Maria Padilha.
Caso você queira saber mais sobre Maria Padilha, leia o livro Maria Padilha e toda sua quadrilha, que conta a história da amante do rei de Castela e toda a sua trajetória de aventuras e feitiçaria até chegar aos terreiros de São Paulo e de todo o Brasil.
Maria Padilha é considerada a feiticeira das pombas giras, sendo a mais procurada nos terreiros. A origem de Maria Padilha é contada, segundo pesquisas históricas, que datam seu nascimento no ano de 1334, em Palencia, na Espanha.
Quando jovem, ela foi apresentada ao Rei por João Afonso de Albuquerque e se tornou dama de companhia da mãe de D. Pedro, Dona Maria I.
Com o tempo, ela tornou-se amante do rei e passou a influenciá-lo nas mais importantes decisões do castelo.
Pertencente a uma família castelhana, os Padilla, o nome de Maria Padilha foi eternizado em brasão posteriormente a sua morte.
Maria Padilha morreu aos 24 anos e, após sua morte prematura, Maria Padilha passou a ser conjurada, por mulheres de toda a Península Ibérica, para interceder em demandas de amor e sedução, devido aos seus feitos em vida com a magia.
Foi no imaginário e nos conjuros destas mulheres degredadas que Maria Padilha aportou no Brasil e em outras partes do mundo.
Assim, Maria Padilha se estabeleceu como entidade da Linha de Esquerda na Umbanda, onde seus companheiros principais são os Exús e Seu Zé Pelintra, que também trabalham na Quimbanda, tida frequentemente como magia negativa.
Maria Padilha é vista como uma senhora de uma feminilidade demoníaca, vulgar e sexualmente indomável.
Maria de Padilha está presente nos autos inquisitoriais como amante carnal do diabo.
A chegada de Maria Padilha também inaugura em terras brasileiras a noção que demoniza a mulher ousada, livre e transgressora.
Maria Padilha é chefe de terreiro e sua figura articula uma dualidade que forja em nós tanto a celebração da liberdade erótica como também o seu estereótipo.
O que anuncia a manifestação, o que abre a porta para a chegada de Maria Padilha, é a boca: uma sonora gargalhada.
Maria Padilha vem clamar, gargalhando e gingando, pra todo mundo ver sua liberdade.
Maria Padilha vem fazer justiça. Maria Padilha abriu a porteira para uma falange de Moças (outro nome que Elas gostam): Rosa Vermelha, Rosa Caveira, Maria Navalha, Sete Saias, Maria Molambo, Maria Quitéria… e muitas mais.
O corpo de Maria Padilha está enterrado na Capela dos Reis, cuja visitação é proibida.
O túmulo de Maria Padilha fica atrás do altar feito a ouro, protegido por uma corda, e sua entrada é proibida.
A memória de Maria Padilha está apagada ou reduzida a amante assassina na sua própria cidade onde viveu, mas, através da história de Maria Padilha, é possível perceber que ela não era uma mulher qualquer e, pelo menos no Brasil, sua memória é muito viva, e é exatamente por sua fama de bruxa e feiticeira.
Diz-se que, junto de uma árvore, Maria Padilha teria deixado um feitiço de amor feito com um espelho, através do qual o Rei se olhou e, enfeitiçado, se rendeu à paixão da jovem moça.
Seu casamento foi o que mais marcou a sua história, pois foi realmente um caso de amor.
D. Pedro I abandonou sua esposa Dona Blanca para viver sua história com Maria Padilha, sendo perseguido por opositores em seu Reinado.
Maria Padilha tem uma falange de pombas giras muito forte, onde chefia na linha de Exu, atuando como Exu Mulher lado a lado de Exus homens.
Poderosa, dentro de terreiros, Maria Padilha comanda os feitiços e consola aqueles que perderam um grande amor.
As pombas giras da falange de Maria Padilha se expressam sensualmente e usam da sedução para alcançar objetivos, pois Maria Padilha viveu o extremo da paixão, não se importou com comentários e julgamentos alheios.
A falange de Maria Padilha, como um todo, está ligada à orixá Iansã.