Os Fenômenos do Hipnotismo Segundo São Cipriano

Hipnotismo, membro da família do magnetismo, se entende pelo grupo de fenômenos nervosos e musculares que se produzem nas pessoas submetidas a diversos processos, tendo por fim paralisar determinadas regiões do cérebro e excitar outras.

Há diversos modos de provocar o hipnotismo, sendo os principais os seguintes:

O modo de hipnotizar mais usual é o que consiste em fixar os olhos no paciente, ou fazê-lo convergir o olhar para determinado objeto colocado em posição que o obrigue a nele fixar a vista.

O paciente deverá fixar o objeto durante alguns minutos, atentamente, pois que passados os mesmos, a pupila contrai-se-lhe para, em seguida, adormecer; as pálpebras caem suavemente e a pessoa fica hipnotizada.

É variável o tempo que se gasta para hipnotizar, pois isso depende da suscetibilidade e da tática dos hipnotizadores.

Os faquires da Índia hipnotizam-se fitando demoradamente o espaço. A seita de Mandeb, no Egito, adormece fitando o fundo de um prato branco, onde esteja pintada uma forma cabalística.

Há pessoas que basta fixarem por alguns momentos a sua imagem em um espelho para caírem em hipnose.

Os monges do Monte Athos chegam ao mesmo resultado pela contemplação persistente do seu próprio umbigo.

As mães adormecem as criancinhas entoando, em arrastada melopeia, uma canção monótona, ou repetindo persistentemente e no mesmo timbre de voz o monossílabo ô ô ô.

Há também o método que, se fazendo convergir para os olhos de uma pessoa histérica um feixe de luz viva e forte, como a elétrica, ou produzindo-se um ruído intenso, como o rufar de um tambor, determina-se seguramente a catalepsia, que, como veremos em breve, é uma das fases do
hipnotismo.

Nas pessoas vivamente impressionáveis pode produzir-se a hipnose atuando unicamente sobre a sua imaginação, convencendo-as de que elas adormecerão infalivelmente a uma hora de terminada, ou no mesmo instante, à ordem imperiosa dada por um bom hipnotizador.

Outro processo é que se limita a fitar o paciente para dizer-lhe com uma entoação clara e imperiosa:

— Dorme!

Geralmente, para se fazer cessar o hipnotismo, basta soprar ou espargir água fria o rosto do hipnotizado.

Alguns hipnotizadores conseguem o mesmo resultado, atuando por impressão psíquica, dizendo ao paciente:

— Acorda!

São diferentes os fenômenos do hipnotismo, pois são conforme a pessoa. Cada um reage de um modo particular durante as práticas hipnóticas.

São três os períodos do hipnotismo: letargia, catalepsia e sonambulismo.

A LETARGIA

O processo dos passes magnéticos e em geral das excitações sensuais, fracas e monótonas, determina a letargia.

Os olhos cerram-se rapidamente, a respiração torna-se leve mente ruidosa e os membros caem flácidos e inertes.

A analgesia, isto é, a insensibilidade para a dor, parece completa; a atividade sensual fica consideravelmente enfraquecida e sem ação, quase que aniquilada.

A sensibilidade muscular fica, ao contrário, muito exaltada. A mais leve e insignificante excitação, operada através da pele sobre os nervos ou sobre os músculos, determina a contração enérgica e
demorada destes órgãos.

Os antigos magos sabiam, perfeitamente, que a face exprime nitidamente as paixões, alegres ou tristes, que agitam a nossa alma.

A um letargo podem-se seguir, tocando-se em determinados músculos, as seguintes expressões singulares e naturais, como sejam: a reflexão, a dor, a alegria, o riso etc.

A CATALEPSIA

Em estado cataléptico, quando é primitivo, é sempre produzido por uma excitação visual ou auditiva, forte e instantânea; mas pode, também,determinar-se levantando as pálpebras a um letárgico e permitindo, assim, que a luz impressione qualquer cérebro.

Igualmente, um indivíduo no estado cataléptico passará facilmente ao estado letárgico, abaixando-se lhe as pálpebras.

Um traço mais saliente do estado cataléptico é a imobilidade. O catalepsiado, em pé, na posição mais violenta e mais forçada possível, conserva-se em perfeito equilíbrio, direito, como se fora uma
verdadeira estátua.

Os olhos permanecem-lhe largamente abertos, os membros conservam indefinidamente toda e qualquer posição que se lhes dê, adquirindo a rigidez do mármore.

O SONAMBULISMO

Dos estados hipnóticos, é este o mais interessante, sob o ponto de vista psicológico e o que mais vivamente surpreende.

Exercendo-se uma pressão suave ou uma leve fricção sobre a cabeça de um letárgico, desaparecem, fácil e instantaneamente, os sintomas da letargia.

Um sono sonambúlico termina-se, ou comprimindo levemente os globos do paciente, que volta rapidamente ao estado letárgico, ou levantando-lhe as pálpebras, mergulhando-o, assim, em um estado cataléptico.

FASCINAÇÃO E ALUCINAÇÃO

A conservação da percepção visual permite determinar não só alucinações, mas até uma espécie de fascinação.

Um hipnotizado, tendo os olhos fitos nas mãos do hipnotizador, acompanha-o em todos os movimentos que ele faça, imita todos os seus atos, ri, assobia, mostra a língua etc.

Neste estado, é possível determinar-lhe toda a casta de alucinação visual. Imitando-se os movimentos apropriados de quem persegue uma ave, imediatamente se produz no hipnotizado a alucinação visual de uma ave voltejando pelo ar; se se finge estar aterrado pela presença de um animal qualquer, o mesmo terror se pinta imediatamente no rosto do hipnotizado.

O sonâmbulo pode ver através da mais estreita fenda palpebral, e até com as pálpebras completamente cerradas, por causa da transparência que as membranas possuem em presença da luz viva.

O que é indubitável é que os sonâmbulos leem desembaraçadamente em meio a obscuridade, enquanto a uma pessoa no seu estado normal seria impossível distinguir, sem visível esforço, a forma dos caracteres.

Um sopro dirigido da distância de 15 a 20 metros é nitidamente sentido por um hipnotizado, mesmo que esse sopro seja o mais tênue possível.

Fonte: Livro São Cipriano, o Legítimo Capa Preta

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